terça-feira, setembro 08, 2009

Um bom livro



O poeta da filosofia, Nietzsche, diz que
não existe verdade, mas interpretações.







Sete de Setembro, o desfile, mereceu uma caprichosa interpretação de Roberto DaMatta no livro Carnavais, malandros e heróis. Assim como Raízes do Brasil e Casa-Grande e Senzala, a obra de DaMatta é um clássico para o brasileiro entender melhor sua pátria.

No Acre, o desfile iniciou-se à noite, o que é um erro simbólico. A parada militar emerge ao amanhecer. O carnaval é que pertence à noite. Para o antropólogo, o Dia da Pátria representa o reforço; o carnaval, a inversão; e a procissão, a neutralização.

Conforme Roberto DaMatta escreve, a parada militar e a procissão assemelham-se porque elas fazem uma trajetória familiar. Ele chama a parada militar de uma segunda procissão.

Mas os soldados não reverenciam a população, e sim as autoridades. A continência, que é com a mão direita - por que a direita? -, representa uma obediência à ordem, a uma organização social fixa. A parada militar é moralizadora.

Nesse sentido, 7 de Setembro se mantém organizado como há anos, diferente do carnaval. No Acre, a Frente Popular organiza o carnaval para também ser familiar, perdendo assim sua força de subversão da ordem social. Não são assimilados os signos da festa de Momo, mas os signos do Dia da Pátria, a população os assimila. Como escreve DaMatta na página 52, "o Dia sa Pátria é um rito formal e que celebra a estrutura", no caso, a divisão social, a divisão de classe.

O carnaval, informal que é, não celebra essa divisão, mas a inverte, por isso a Secretaria de Cultura do Estado do Acre, sem compreender a importância cultural do carnaval, deforma-o.

Leia essa dica que oferto a teus olhos.