sábado, dezembro 05, 2009

A política de um âncora

Nada contra sua pessoa. Nada. Incomoda-me por ser uma questão pública. Vereador de Rio Branco, Astério Moreira desde 21 de setembro aparece como âncora do programa "Boa Tarde Rio Branco, da TV Rio Branco, transmitindo um misto de cenas policiais com encenações políticas.

Um âncora-vereador que surge todo dia nas casas de milhares de tele-eleitores. Trata-se de uma sutilíssima campanha politica. Nesse caso, o que importa é projetar a imagem diária, massificá-la, porque, depois, nas eleições, a imagem ressurge como candidata a deputado estadual. Urnas e audiência confundem-se.

Contra a lei? Não assisto a isso como sendo ético. Meu Brasil...

Um comentário:

Jozafá Batista disse...

Aldo, não vejo isso como um problema ético. Talvez o seja em sua mera formalidade, se tomado de forma isolada, mas o que deve ser notado é o processo geral de utilização da imprensa como meio de obtenção de dividendos politicos. Essa característica local transcende - e certamente inclui - o Astério, mas uma percepção crítica sobre o caso precisa fundamentar-se historicamente.
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Este processo de utilização da imprensa como meio de barganhar legitimidade social está em andamento, inclusive com episódios dramáticos como foi o caso da prisão do Muniz, colega de trabalho do Astério.
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Nesses últimos dias tenho me dado ao trabalho de pesquisar os jornais antigos do Acre, jornais do começo do século XX. Tem muita coisa nas entrelinhas lá, a começar pela ligação umbilical que a imprensa acreana sempre teve com o poder político. Como não há capitalismo industrial, o capital que circula no Estado ainda é auferido na esfera da circulação, não da produção. Como a nossa burguesia é dependente, ela lançar-se no colo do poder "público" em busca de espaços de poder ou de legitimação desse poder. No caso do Astério, o que se busca legitimar é uma promissora carreira política por meio da figura do "apresentador engajado com a verdade dos fatos"... mas ele não é sequer o único.
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Em troca de benefícios financeiros o sr. Eli Assem usa esse expediente, o sr Silvio Martinello idem, Narciso, Elson, todos eles. Você sabe disso. É uma burguesia parasitária, sanguessuga: depende da hipnose política da população para obter vantajosos benefícios financeiros enquanto apresentam ao povo notícias "neutras" sobre a realidade concretam - quando tais notícias não passam de interpretações comprometidíssimas de convicções abstratas.
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Foi por isso que saí desse negócio todo aí, e também para pesquisar as origens desse fenômeno, que não é somente acreano, e assim expor as suas vísceras...
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E isso não demora...
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Entre no meu blog, lá tem uns trechos do livro do Werneck Sodré.
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Abraços.