quarta-feira, novembro 10, 2010

Meu colega de profissão Gleyson Moura,

você pediu para eu comentar sobre o projeto de literatura da escola pública Leôncio de Carvalho. Pois bem, estou aqui para não ser simpático. Como início, destaco o texto do sítio www.ac24horas.com:

"Talvez o grande problema de ensinar a literatura na escola esteja na garantia dos alunos conhecerem as obras literárias. Para vencer esse desafio, uma iniciativa dinâmica, liderada pelo professor de Língua Portuguesa, Gleisson Moura, trouxe para sala de aula, escritores como Mauro Modesto, Antônio Alves e Nilda Dantas."

Como o grande problema de ensinar literatura na escola é garantir aos alunos leitura de obras literárias, o projeto da escola traz escritores como Antônio Alves, Modesto de Abreu e Nilda Dantas.


Mais abaixo, leio "os escritores Alan Rick e Silvio Martinello. A proposta é trazer para a sala de aula, além da literatura universal, as experiências dos autores acreanos, suas formas de pensar, escrever e observar o mundo. Foi nesse contexto que o escritor e jornalista Antonio Alves [o Toinho] viajou, falando da literatura romântica de Érico Veríssimo, Carlos Drumond de Andrade e ouvindo seus próprios textos, escritos no blog Tempo Algum".

Além de Alan Rick ser escritor, além de Silvio Martinello ser escritor, Toinho afirmou que Carlos Drummond de Andrade é romântico. Aí você pede para eu comentar sobre esse projeto.

Devo ser simpático?

Mais tarde, quem sabe, escreverei sobre essa "literatura" em sua escola. Agora, o que tenho a dizer é que esse projeto merece um boletim de ocorrência. Não se trata de literatura. Trata-se de um crime contra a literatura. Esse projeto é caso de polícia.

Um comentário:

Unknown disse...

Na verdade, Toinho Alves não afirmou que Carlos Drummond de Andrade é romântico. Se assim pareceu, isso se deve a uma falha de redação do jornalista que publicou a matéria. Mesmo que tivesse afirmado isso, seria uma interpretação pessoal, subjetiva (o que também interessa ao projeto). Para alguém que defende o espírito livre e a subjetividade, você parece muito preso aos cânones da "Grande Literatura". Penso que a literatura é algo de todos, do cotidiano, de todos os lugares, a cada instante; deste lado da vida "que amávamos com uma paixão insaciável que o senhor não se atreveu nem sequer a imaginar, com medo de saber o que nós estávamos fartos de saber que era árdua e efémera, mas que não havia outra, senhor general, porque nós sabíamos quem éramos." (Gabriel García Márquez, O Outono do Patriarca). Agora, uma pergunta: Qual a sua concepção de literatura, professor?