sexta-feira, novembro 11, 2011

Mais verba significa mais qualidade?



Aldo Nascimento 
Economista, Gustavo Ioschpe é um dos bons nomes que pensam a educação brasileira. Neste mês, dia 12, ele
escreveu o seguinte título na revista Veja: “O rombo da educação é o cabide de empregos de 46 bilhões de reais”.

Esse artigo inteligente de Ioschpe se opõe à visão míope e à mente obtusa de alguns políticos que defendem mais recursos para as escolas públicas porque, para eles, a qualidade de ensino resulta do volume maior de verba. Afirmar que mais recurso para a educação pública qualifica o ensino, por exemplo, o de Literatura-Língua Portuguesa, nunca foi cálculo exato, correto.  

Eles, por outro lado, jamais falam do excesso de funcionário na rede pública de ensino. Em países desenvolvidos, há 706 mil funcionários públicos na educação. No Brasil, são 2,4 milhões. Nessas nações, há um funcionário para cada dois professores. Nesta terra, mãe gentil, a relação é maior quase três vezes e meia. 

Com esses números, o contribuinte sustenta 1,7 milhão de pessoas excedentes no sistema educacional, gastando 46 bilhões de reais (1,3% do PIB) a cada 365 dias. “Ambos os dados estão disponíveis no
Education at a Glance, e o cálculo completo está disponível em meu Twitter”, indica o economista em seu artigo.

E se não houvesse esse excedente na educação? Bem, se não existisse, a remuneração dos professores aumentaria 73%, isto é, passaria para uma média de R$ 3,906 mil mensais.

Com esse salário, o ensino seria melhor? Não, porque o constante aumento em dez anos foi acompanhado por estagnação. “Os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foram piores em 2007, último ano disponível, do que em 1997”, compara Gustavo Ioschpe. Mais dinheiro na escola pública não fará com que alunos escrevam melhor nas aulas de Língua Portuguesa.

Para a qualidade acontecer, o articulista da
Veja destaca: 1) reformular os cursos universitários de formação de professores; 2) profissionalizar a gestão das escolas; 3) adotar um currículo nacional; 4) permitir a criação de novas modalidades no ensino médio; 5) melhorar o material didático; e 6) cobrar a utilização de práticas de sala de aula comprovadamente eficazes.

Item dois, gestão escolar. Em Rio Branco, péssimas gestões escolares têm sido um problema que a imprensa permanece indiferente e que o governo, há 12 anos, não soluciona. O professor foi bem avaliado pela prova da Secretaria de Educação; porém, depois de eleito pela doente democracia escolar, não ocorreu a boa administração, porque a atual democracia da rede pública de ensino é muito falha.

Quando o assunto é gestão escolar, a política local cala-se embora uma escola bem administrada contribua para qualificar o ensino de Língua Portuguesa. No lugar de defender o bom senso entre qualidade e ensino, sai da boca do político a doença
verborréia, expelindo uma secreção que infecta o bom senso: mais dinheiro significa qualidade de ensino.

            

Um comentário:

Anônimo disse...

http://alfredojunior.files.wordpress.com/2011/01/panda.jpg