quarta-feira, julho 18, 2012

A cavalgada na revista da Euclides da Cunha


Não sei se estarei no Acre para o lançamento da revista Pontos da Educação, da Faculdade Euclides da Cunha, mas, se eu estiver, já comprei a roupa.

Dentro de alguns  limites, a revista saiu bem na foto. Poderia ter sido melhor, mais ousada,  porém foi o possível.

A Faculdade Euclides da Cunha, do professor-doutor Carlos Alberto, muito bem avaliada pelo MEC, é a única no Acre que, sendo particular, publica artigos acadêmicos.

Pontos da Educação está indexada.

Sua proposta é selecionar bons artigos para que o Acre seja pensado por profissionais da área da educação.

Nestas terras, quem fala de educação pública é político, o que é um erro, porque o político local não sabe o que fala.

Quem sabe expor os problemas da educação pública acriana é quem vive dela, é quem defendeu dissertações de mestrado, é quem defendeu teses de doutorado.

Nela, deixei minha opinião, que publico parte neste blogue.

                 A festa do pasto


           A Expo-Acre é o espetáculo do cavalo, do comércio, do gado, da indústria; é o espetáculo de grandes terras. Para sua abertura, a tradicional Cavalgada exibe nobres cavalheiros com o poder econômico de comprar luxuosas caminhonetes, carretas, cavalos de raça, expondo sobre eles o padrão da moda country, a fartura de bebidas alcoólicas, o modelo feminino de beleza. A Cavalgada, por ser o exibicionismo dos que exercem o poder na cidade, ostenta o narcisismo da riqueza, da griffe de roupas bem acochadinhas, da bota de couro mais cara, do cinto de couro mais viril. Enquanto mortais pensam na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), enquanto as bienais do livro de São Paulo e do Rio de Janeiro representam riqueza cultural a cada dois anos, a pecuária acriana, que gera milhões ao estado, seduz a massa com musiquinhas pseudossertanejas, com seu vestuário norte-americanizado, ou seja, o gado no pasto gera não só riqueza econômica para poucos; mas, sobretudo, o seu efeito mais nefasto para a identidade de uma região: alienação cultural. No lugar do caipira, este homem simples do roçado, a festa do corte aplaude seu mito: o caubói. Nossas crianças, portanto, não precisam de festas de livro, elas sorriem quando seus pais a fotografam ao lado de um belo Nelore na baia de uma Expo-Acre: “Filha, você ficou mais linda ao lado deste boi”.

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