terça-feira, outubro 02, 2012

Para o Acre ainda ficar melhor

Cena de "A pedra do reino", de Ariano Suassuna

Não há dúvidas - só um cretino não perceber isso - de que o Acre é outro com a administração da Frente Popular. 

Evidente que ainda falta muito, mas devemos reconhecer que muito foi transformado. Não querer mais o PT ma prefeitura de Rio Branco não pode se equiparar a não reconhecer o que já foi edificado.

Se falo bem desta terra, é por causa da Frente Popular. Se critico o PT, é por causa desse monopartidarismo, desse excesso de poder a um só grupo, que, por sinal, acomodou-se, não aponta novos caminhos para a cultura e para a educação.   

Além de amigos, de parentes, eu sentia muita falta de teatro e de cinema em Cruzeiro do Sul e em Rio Branco.

Quando foi governador, Binho colocou no Acre um circuito de teatro muito bom. Liguei meus alunos a ele.

Enfadonho por causa de seus discursos previsíveis, o médico-governador Tião Viana, homem público avesso à cultura - talvez nunca tenha lido Ariano Suassuna -, ignora a diferença entre o teatro popular e a não menos previsível Expo-Acre e a importância vital das culturas teatral e cinematográfica para alma do coletivo acriano.    

No sentido oposto, Binho Marques ofertou à escola, desde que o professor tomasse a iniciativa, a provocação de pensar por meio da estética teatral.

Assim como um ser humano não é mais desenvolvido por ter "ponte de safena", uma cidade não é desenvolvida por ter a terceira ponte ou a quarta, ou a quinta, ou a sexta.  

É o pensar ou os pensares que a tornam desenvolvida. O progresso de uma cidade é medido por sua força cultural, neste caso, do bom teatro profissional, do bom cinema autoral.

Falta isso para o Acre ainda ficar melhor.

O governo do Acre retirou dos contribuintes R$ 25 milhões para construir a ponte de Cruzeiro do Sul.

Penso que seria bem menos grana para que escolas públicas tornassem-se espaços culturais.

Ótimos grupos de teatro do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, do Acre, por exemplo, poderiam atrair uma população que sempre ficou à margem do saber teatral. A escola teria mais uma importância.

Mais: por menos de R$ 25 milhões, muitas escolas seriam centros cinematográficos; mas, para isso, salas de cinema intimistas e aconchegantes deveriam ser construídas nas escolas.

Mas o PT acriano, sem política pública contínua para a cultura, não entende isso até hoje, talvez pelo único motivo de seus dirigentes nunca terem assistido a uma peça de Ariano Suassuna.

Cena de "A pedra do reino", de Ariano Suassuna
              

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