terça-feira, fevereiro 05, 2013

A escola pública acriana não sabe ler e escrever

Vinte anos lecionando no Acre, eu penso que são minutos, horas, dias, semanas e meses suficientes para afirmar que a escola pública do Acre cumpre muito mal o seu dever de ensinar a ler e a escrever.

As causas, várias. Muitas. As soluções, raríssimas. A Secretaria de Educação não apresenta varadouros, trilhas, caminhos; e a escola, habituada ao previsível, não altera seu rumo.

Uma falha na rede pública de ensino do Acre: as escolas não criam, por exemplo, seu material didático para a língua portuguesa.

Simples afirmar isso, mas esse simples inexiste na escola acriana. O óbvio não se enxerga.

Nesses anos lecionando, os alunos ignoram o sentido e a construção sintática das orações  subordinadas adverbiais. Eles não se servem delas, o que não ocorre em escolas de ensino médio do Rio de Janeiro.

Ora, se difere do Rio de Janeiro, não podemos fazer uso de um currículo nacional, mas de um currículo regional de língua portuguesa, porque as condições geo-históricas entre Rio Branco e Rio de Janeiro possuem marcas distintas.

A secretaria acriana deveria há muito tempo ter percebido isso, mas repete a cantilena dos "gêneros textuais".

Nas redações discentes, a concordância verbal, em relação à oração adverbial, apresenta-se mais correta; mas, mesmo assim, erros primários chegaram ao segundo ano do ensino médio.

O que eu fazia?

Em aulas marcadas em um dia da semana com muita antecedência em um calendário de conteúdo entregue ao aluno, estudava-se, por meio de 100 exercícios, várias concordâncias verbais.

E mais: nas aulas de leitura, também marcadas no calendário de conteúdo, além da interpretação, marcava, em um bom texto  literário, as concordâncias verbais.

Pois bem, não existe nas escolas públicas acrianas um currículo regional de língua portuguesa, com seu exercício gramatical sendo consequência dos erros redacionais.

Como se ignora o óbvio.

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