domingo, agosto 18, 2013

Entre duas escolas

Estou a lecionar em uma escola municipal com contrato provisório. São 12 horas em sala de aula e 8 realizando leitura, pesquisa, projeto.


Nela, há muitas diferenças com uma escola pública de Rio Branco. Exemplos: 



1) se compararmos a arquitetura da escola-modelo Armando Nogueira, a do Acre projeta uma beleza que aqui tão cedo terá, se é que um dia terá;



2) a escola acriana situa-se na beleza tranquila da floresta, e a escola carioca da Tijuca ergue-se no tumulto da cidade, sendo mais um prédio entre outros;


3) onde leciono, os alunos são muito mais informados e exigem mais do professor por causa da competição e da dinâmica de uma grande cidade; mas, por outro lado, são mais agressivos, irreverentes, desobedientes. Se o professor não for “maneiro”, o barco afunda;


4) outra diferença: a postura dos professores. Aqui, o corpo docente não tem medo de falar o que pensa não sobre o outro, mas sobre ideias. Ninguém observa “a maneira como o outro fala”, mas “o que o outro fala”. Os debates são calorosos, e ninguém, até agora, tem demonstrado antipatia por minha pessoa por eu me expressar assim e não de outra forma. As ideias, por fim, predominam sobre questões pessoais;


5) lê-se muito na escola em que leciono, havendo, inclusive, sala de leitura confortável com projeção de cinema. Livro de literatura que transita na área de química. Estou lendo “Admirável Mundo Novo” com o professor de Química para o aluno perceber que há relação entre o poder político e a bioquímica;


6) mais uma diferença: na escola municipal do Rio de Janeiro, aluno não vota;



7) por último, para quem é graduado e está iniciando na carreira, o salário no Rio de Janeiro é bem melhor, trabalha-se menos e o custo de vida no Rio é menor do que no Acre: tomate custa R$ 1,5; no Acre, 4 reais.

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