sexta-feira, abril 27, 2007

Resposta a um bloguista

Um bloguista pergunta se eu não gostei dos alunos irem à rua. Penso que a manifestação deve ser muito mais organizada e sedutora. Ocupar as ruas exige uma forma sensível a fim de chamar a atenção das pessoas que andam pela cidade.
Os sindicalistas são péssimos com seus discursos, porque não há no movimento sindical a preocupação com o ato estético. Deveriam ler sobre isso para alterar suas ações empobrecidas. O capital há tempo vem usando a estética para seduzir e alienar.
No dia da passeata, os sindicalistas poderiam, por exemplo, colocar músicas dos Titãs, do Gabriel, do Renato Russo, mas eles se reduziram uma verborréia infecunda. É preciso ironizar, é preciso debochar, é preciso transformar a passeata em um ato estético para sensibilizar os que passam.
O mundo mudou e as passeatas devem mudar e, para tanto, a organização exige outros procedimentos. Os estudantes precisam ser criativos.

Fui de movimento estudantil no Rio de Janeiro, na década de 80 e, na UNE, no Catete, discutíamos isso naquela época. Em outras palavras, alguns defendiam o protesto como ato cultural e estético.

Protestei nas ruas com o companheiro Willam, ligado a Wladimir Palmeira. Mais tarde, esse petista seria secretário de Educação do Rio de Janeiro no governo de Benedita da Silva. Naquela época, ainda que muito jovens, pensávamos sobre o porquê dos sindicatos não seduzirem.

Como diz Fernando Pessoa: "viver não é preciso; criar é preciso."
Deveria haver uma campanha nesta cidade para as pessoas usarem em certos dias úteis somente a bicicleta como forma de protesto. Isso me recorda Martin Luther King. Os negros deixaram de usar os ônibus e andaram a pé como forma de protesto. Deu resultado.

Assim como Gandhi, Martin Luther King leu sobre os anarquistas.
Jovens, rebelem-se contra as injustiças, mas saibam que a revolta deve ter o sabor da criatividade.

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