quarta-feira, julho 25, 2007

Jornal A GAZETA


Li e reli a lucidez escrita no jornal A Gazeta sobre o fato que envolveu um guarda de trânsito e um juiz federal.

Simples e sereno, o editorial do jornal acreano violou o silêncio, a omissão e a adulação de alguns jornalistas, porque, aqui, em alguns veículos de comunicação de massa, é mais cômodo emitir verborréias contra a violência dos pobres.

Quando autoridades comportam-se à margem do equilíbrio, jornalistas calam-se. A Gazeta não se calou.

Guarda e juiz zelam pelo que deve ser justo. Na mitologia grega, Athena personifica a Sabedoria e a Justiça.

Fruto de Tétis (a astúcia, a inteligência) com o poderoso Zeus, ordenador do Cosmos, ela foi gerada na cabeça deste e, por isso, está associada ao lógos, à Razão, isto é, ao equilíbrio.

Texto de Luciene Félix

Professora de Filosofia
e Mitologia Greco-Romana da ESDC

mitologia@esdc.com.br

Findado o período de gestação, o supremo deus começou a sentir terríveis dores de cabeça, pois enquanto a Justiça não nasce, elas são inevitáveis.

Desesperado e no limite, Zeus ordena ao ferreiro divino Hefestos (Vulcano) que lhe abra a cabeça. Mesmo a contragosto, com técnica e precisão, desferra-lhe o machado de ouro certeiro e todos se surpreendem ao verem surgir, imponente e armada, pronta para a guerra, a deusa Palas Athena.

Palas significa "a donzela", pois a poderosa filha pede ao pai para manter-se sempre virgem e, desta forma, impor-se com a autoridade de quem não se deixa seduzir ou corromper.

Sua principal característica física é o porte altivo e não soberbo. Invocando a proteção de Athena sobre todo e qualquer embate, tem-se a vitória como certa, uma vez que Palas Athena é sempre acompanhada por Niké (a vitória).

O guarda e o juiz, como representantes da ordem pública, pederam-(se).

Editorial

Mau exemplo

O que se pode dizer desse episódio envolvendo alguns soldados da Polícia Militar e um juiz federal?

Mesmo que uma parte e a outra argumentem e tentem provar que, legalmente, estão certas, à luz da ética e do próprio bom senso, ambas erraram feio e deram um mau exemplo à sociedade.

Quando a sociedade clama por mais serenidade, paz, bom senso nas relações interpessoais, é lamentável que autoridades fardadas ou investidas de autoridade cheguem a esses extremos de sacar armas, dispararem no meio da noite e até se ameaçarem, indo parar numa delegacia de polícia.

Pelo que foi apurado, em nenhum momento ou sob qualquer pretexto se justifica, primeiro, a atitude do policial em, depois de abordar o magistrado, disparar seu revólver, mesmo que para o chão, diante de crianças e outras pessoas à sua volta.

Até se admite que ele não tinha obrigação de reconhecer o juiz e, mesmo que este tivesse errado em não cumprir suas ordens, com um mínimo de discernimento, notaria que não se tratava de um pessoa perigosa a ponto de disparar o revólver.

De outra parte, se o magistrado tinha alguma razão em contestar as ordens recebidas, perdeu-a ao ir até em casa, pegar sua arma e voltar para o local da confusão. E se perdeu completamente ao também empunhar o revólver para tentar se impor e dar ordem de prisão ao policial.

Com a autoridade com a qual está investido, poderia dirigir-se tranqüilamente para o comando da Polícia Militar, apresentar queixa e aí sim exigir que o soldado fosse preso por infringir o estatuto do desarmamento ou qualquer outra norma.

O que a sociedade espera e exige é que não se repitam esses episódios lamentáveis, deprimentes mesmo, constituindo um péssimo exemplo. E que as autoridades superiores ajam com discernimento e procurem, o quanto antes, apaziguar os espíritos a fim de que seja um fato isolado.

Um comentário:

Luciene Felix disse...

Caríssimos amigos,

Fico feliz que tenham apreciado esse texto. Disponibilizei mais alguns ligados à deusa grega da Justiça, Palas Athena, em meu Blog: www.lucienefelix.blogspot.com
Parabéns pelo belo trabalho de vocês! Abraços, Luciene.