Fotos de Debora Mangrich
Ontem, sábado, dia 25 de julho, abriram-se as porteiras da Expo-Acre com a tradicional calvagada. Donos de vastas terras bovinas, fazendeiros com suas famílias ricas e empresários ao galope do lucro exibiram as marcas da pecuária na avenida que leva o nome - que ironia! - Chico Mendes.
Por essa avenida, jamais assistiremos ao desfile do seringueiro. Em seu lugar, o pecuarista, o dono da festa, atravessa Chico Mendes com seus cavalos, caminhões, quadriciclos e caminhonetes em nome de uma festa que não é popular, por isso o povo humilde, à margem da avenida, só assiste à opulência daqueles que ostentam poder. Pobre não desfila a cavalo.
Quem conhece a avenida Chico Mendes sabe que se trata de um corredor de bairros periféricos e, justamente através desse corredor, os ricos pavoneiam-se com seus chapéus caros, suas botas de couro, suas calças bem-justas com seus cintos de cowboy. O pecuarista é country. Ele não tem nem o linguajar do homem do interior acriano.
Nesse momento, à margem da avenida, os pobres do Taquari não desejam justiça social, mas tão-somente o desejo (reprimido) de consumir a moda country. Ricos não só exploram - seduzem.
Quando a Expo-Acre chega a cavalo, lojas de roupa não expõem a moda seringueiro em vitrinas de Rio Branco, mas a moda norte-americanizada do pecuarista country. Seringueiro não tem bens culturais que possam circular em forma de roupa. Seringueiro tem museu, símbolo de sua imoblidade cultural.
Por causa disso - e mais -, não existe a Expo-Acre do seringueiro e, se não existe, ele não desfila na avenida Chico Mendes. O seringuerio não tem nada para mostrar, a não ser o seu museu, seu túmulo.
Muitos podem ver a Expo-Acre como uma festa - o deputado Moisés Dinis (PC do B) a viu, por exemplo, como festa popular -, mas eu a vejo com o lugar onde se sepulta um outro mundo rural - o do caipira, imagem oposta à do homem cowboy.
Por causa disso - e mais -, não existe a Expo-Acre do seringueiro e, se não existe, ele não desfila na avenida Chico Mendes. O seringuerio não tem nada para mostrar, a não ser o seu museu, seu túmulo.
Muitos podem ver a Expo-Acre como uma festa - o deputado Moisés Dinis (PC do B) a viu, por exemplo, como festa popular -, mas eu a vejo com o lugar onde se sepulta um outro mundo rural - o do caipira, imagem oposta à do homem cowboy.
Em Xapuri, porque o gado se alimenta em reserva extrativista, os ideais de Chico Mendes pastam em uma reserva que leva seu nome. A festa do boi de rodeio não deixa de ser menos nociva do que um gado em uma reserva, porque, por meio dessa festa, o pecuarista country, sabemos, não derruba a floresta, mas substitui o homem rural caipira pelo homem rural das botas de couro, das calças com cinto e fivela, da música das duplas sertanejas.
A Expo-Acre é um processo de aculturação do homem simples do interior, uma forma alegre de se esquecer do caipira.
Um comentário:
Gosto deste blogue, principalmente, porque o cara que escreve tem coragem de dizer o que pouca gente diz.
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