quarta-feira, março 31, 2010

O Homem que eu Amava

De Aldo Nascimento

Nesses meus anos, jamais ouvi um homem afirmar que ama outro homem. Quando criança, quando adolescente, o sexo masculino aprende na rua a bater em outra criança, em outro adolescente.

Assim, pelas mãos rudes de ser macho, esculpimos em nós a negação do sensível. Entre homens, não se propaga “eu te amo”, por isso somos homens.

Entretanto, contra essa violência de “não dizer eu te amo”, exponho neste blogue o meu amor pelo Homem, entenda, não confesso aqui o Amor pelo “meu homem”, mas meu Amor pelo Homem, porque eu não amaria qualquer homem. O Amor, sabemos, exige qualidade.

O Homem a quem me refiro encarnava qualidades. Alto, corpulento, olhos azuis, a sua beleza, entretanto, não morava na casa das aparências ou na superfície vã de sua imagem. A lembrança eterna do Amor não habita na pele perecível mas nela: a Alma.

Que Alma grandiosa esse Homem tinha! Generosas como criança, suas mãos delicadas sempre se estendiam para acolher seu semelhante. Sempre.

Quando eu o conheci em 1992, ele apareceu no alojamento da faculdade de Cruzeiro do Sul para me convidar a almoçar em sua casa. Ofertar o alimento, eu o conheci como oferenda, como quem se oferece como amigo.

Ontem, recebi a notícia de que o Homem que eu amava faleceu. Existe o Amor de pai. Existe o Amor de filho. Existe o Amor de esposa. Existe também o Amor de amigo. O médico Matheus foi meu amigo-irmão, um ser humano raro, Homem por quem eu tinha carinho, ternura, respeito. Amor.

2 comentários:

Rebeca Rocha disse...

Meus pêsames.

:(

osmarina disse...

O homem, quase sempre, tem a mente absorvida na contemplação das
nuvens que lhe surgem no horizonte. São nuvens de contrariedades, de
projetos frustrados, de esperanças desfeitas.
Por vezes, desespera-se envenenando as fontes da própria vida.
Desejaria, invariavelmente, um céu azul a distância, um Sol brilhante no dia e
luminosas estrelas que lhe embelezassem a noite.
No entanto, aparece a nuvem e a perplexidade o toma, de súbito.
Conta-nos o Evangelho a formosa história de uma nuvem.
Encontravam-se os discípulos deslumbrados com a visão de Jesus
transfigurado, tendo junto de si Moisés e Elias, aureolados de intensa luz.
Eis, porém, que uma grande sombra comparece. Não mais distinguem o
maravilhoso quadro.
Todavia, do manto de névoa espessa, clama a voz poderosa da revelação
divina: “Este é o meu amado Filho, a ele ouvi!”
Manifestava-se a palavra do Céu, na sombra temporária.
A existência terrestre, efetivamente, impõe angústias inquietantes e
aflições amargosas. É conveniente, contudo, que as criaturas guardem
serenidade e confiança, nos momentos difíceis.
As penas e os dissabores da luta planetária contêm esclarecimentos
profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábia e amorosa de Deus
fala sempre através deles.