domingo, agosto 01, 2010

O Acre em revista

Diretor da Faculdade Euclides da Cunha, o professor-doutor Carlos Alberto destinou a mim a publicação da revista Visões Amazônicas, cujo propósito não poderia ser outro a não ser este: pensar o Acre.

No entanto, eis o problema: pensar. Há dois meses, busco nomes da Universidade Federal do Acre, de jornalistas e de pessoas em geral que queiram escrever; porém, mesmo indo à caça de boas cabeças, minha insistência obteve só dois textos: o de Cláudio Ezequiel e o da professora-gestora Osmarina.

Há um vazio de ideias no Acre. Quem poderia fecundar críticas, por exemplo, professores universitários, permanece com suas dissertações de mestrado e com suas teses de doutorado asfixiadas pela falta de leitores. A escrita desses intelectuais, sepultada em bibliotecas, não tem leitores.

Por meio de uma revista muito bem diagramada, onde o texto deve estar a serviço da imagem, penso desenterrar as palavras desses professores das bibliotecas para colocá-las em salões de beleza, em consultórios dentários, em clínicas médicas. Um desses professores, Manoel Severo.

Quem já leu o professor-doutor Severo? Como sua palavra é desconhecida, sou obrigado a ouvir ou a ler, em nossos jornais tão rasos, políticos ou o governo soletrarem "educação pública", e os jornalistas publicam.

Assembleia Legislativa do Acre e Câmara dos Vereadores

Não só professores universitários, mas bons jornalistas inquietos poderiam publicar matérias elaboradíssimas na revista a respeito das atividades da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) e da Câmara dos Vereadores de Rio Branco.

O que essas casas pensam sobre educação pública? Quais debates e propostas seus homens públicos promovem? Não sabemos se essas instituições pensam; sabemos, isso sim, que seus parlamentares se enriquecem rápido.

Para a revista, o repórter deveria publicar a pobreza de ideias dos homens público acrianos, sabendo que eleitores mais pobres de ideia os colocaram lá.

Durante um mês, a revista tentou obter uma entrevista com a deputada estadual Perpétua de Sá (PT), presidente da Comissão de Educação da Aleac, mas ela simplesmente ignorou, seu gabinete permaneceu indiferente.

Ao deputado estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Aleac, a revista enviou-lhe um requerimento, solicitando todo tipo de informação relacionada à educação pública. O nobre deputado nos deu como resposta a indiferença.

Difícil encontrar quem queira escrever, difícil passar o Acre em revista. Quem quiser ocupar os espaços de Visões Amazônicas, por favor, fale comigo pelo correio eletrônico (lingua.portuguesa@uol.com.br).

2 comentários:

MORBIDEZ AGUDA DO ACRE disse...

NÃO SE ILUDA: PERPÉTUA ALMEIDA ESTÁ TÃO PREOCUPADA COM EDUCAÇÃO E CULTURA QUANTO UMA RAPOSA ESTÁ PREOCUPADA COM O BEM-ESTAR DAS OVELHAS! TENHO DÓ DO NOSSO ESTADO, DA FORÇA QUE NOSSOS ANTEPASSADOS FIZERAM PARA QUE FIZÉSSEMOS PARTE DISSO QUE CHAMAM 'BRASIL', E NÓS AQUI AINDA NO CORONELISMO, AINDA NA EXPECTATIVA DE QUE O INTERIOR GANHE RODOVIAS PAVIMENTADAS, QUE NOSSOS CÉREBROS ABENÇOADOS TENHAM SUAS PUBLICAÇÕES PRESTIGIADAS... QUE TRISTE... É TUDO TÃO DESNORTEANTE, ÀS VEZES ACHO QUE VOU TER DEPRESSÃO E ÀS VEZES ACHO QUE VOU VIRAR TERRORISTA E EXPLODIR CARROS DE GOVERNADORES SAFADOS E SENADORES INESCRUPULOSOS NÃO SÓ NO ACRE MAS PELO PAÍS AFORA... CANSEI DE SER BONZINHO COM O SISTEMA PETRALHA DE CONDICIONAMENTO COMPORTAMENTAL! FUI!

lingualingua.blogspot.com disse...

Cara, com equilíbrio e ética, não podemos sepultar nossos ideais que estão acima de qualquer partido político.

Se o momento é estreito, melhor, arrombaremos com palavras.

Um abraço