sábado, março 31, 2012

Beijo


Em uma turma, um bom aluno encontra-se encantado por uma jovem bem educada. "Professor, ela não é qualquer uma".

Imagino o primeiro beijo entre eles: igual àquele conquistado por casais seculares: batimento cardíaco disparado, suor nas mãos, circulação sanguínea intensa, sem chão, silêncio trêmulo.

No exato instante do toque, nuvens, nuvens, nuvens, e eles, extasiados, contemplam o brilho intenso do sol ainda que seus olhos estejam selados pelo silêncio à margem da alegria dos que beijam escondidos.



"O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar
"





Beijo







Em sua insana consciência,






o Amante jamais pensa como beijará
o ser 
Amado,

porque a essência do beijo

é não pensar.
Inebriar-se!

Uma vez no Beijo, digo,
uma vez entre
lábios,

línguas,
salivas,

chega-se ao céu...

ao céu da boca

com os olhos divagando
na escuridão. 


Já não há mais
vontade de ver o mundo,
por isso fechamos os olhos
para sentir na boca 
a fartura da alegria mais profunda.      

Tudo no beijo é
sobra,
excesso,
largura.

Nada no beijo é
exato, 
preciso,calculado ou
nulo.

Quanto mais errado,
quanto mais desordem ele excita, 
a língua mais escapa, foge,

escorre.

Quanto (dê)mais a língua se movimenta
no precipício

a boca deseja mais ainda
perder,
na boca Amada, o juízo.

Mas quem disse que o beijo
são só os movimentos da carne?


Antes de eu ter minha boca de volta
ao normal,

antes de eu sair de ti,

deixei na tua não só o pecado molhado
da saliva,


mas meu sopro...
sinta! 

meu sopro de vida!
    

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