segunda-feira, novembro 09, 2009

Violência chique. VLG

Hoje, à noite, a loja VGL Sport foi assaltada em Rio Branco. Um segurança morreu. Moro neste Estado há quase 18 anos e nunca soube de tantos assaltos. A riqueza material - prédios, lojas, vitrines, carros, estradas - confunde-se com progresso, desenvolvimento.

Rio Branco deixou de ser calma. Ela, hoje, assusta-me.

"Suíça do Norte", disse um político sobre o Acre. Ele tem razão, a violência é fria, sem os Alpes.

Por que não colocamos nossos filhos em escola pública

Hoje, procurei uma escola particular para a minha filha estudar em 2010. Estou insatisfeito com a atual. Cheguei ao estabelecimento de ensino por volta das 10 horas. "Por favor, a professora irá atendê-lo para falar da escola, da mensalidade", disse-me a simpática atendente.

Após alguns minutos, conduziram-me à sala da professora. Sentei-me à mesa, e ela iniciou sua exposição sobre a escola. "Nosso ensino é tradicional", sentenciou logo de cara. "Aqui, meninas não usam batom, não pintam o rosto, não usam brinco porque nós não aceitamos modismo."

Alunos não usam celular, não há festas para datas comemorativas. Não existem reuniões com pais. Caso haja algum problema, o responsável é chamado para uma conversa particular. Se o aluno não conluir o dever de casa, ficará após o término das aulas para terminá-lo.

Ordem. Paga-se caro para que filhos sejam submetidos à ordem.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Alunos, leiam...


Fernão Capelo Gaivota, esse pássaro-protagonista que representa o ser humano que voa muito além da multidão, do bando. Todo dia, gaivotas se alimentam com os restos de peixes que pescadores jogam ao mar.

Por que comer as sobras que outros nos dão? Por que não comer peixes frescos?

Capelo precisa voar mais alto e, para tanto, precisa voar melhor, porque, se não for assim, ele não pegará os peixes que estão no fundo do mar.

Lemos bons livros para perder a condição de tolos. Alunos, não se acomodem com o que dão aos seus destinos. Superem seus limites, sabendo que, para superá-los, os obstáculos são necessários. Não fortalecemos os músculos com pesos leves como os pesos da acomodação.

Inquietem-se!



quinta-feira, novembro 05, 2009

Tiago vai a Brasília

O pai trabalha como mestre de obra e a mãe, em serviços gerais. Por mês, a renda não ultrapassa os R$ 800. As dificuldades, entretanto, não modelaram o espírito de Tiago Araújo de Sousa, de 17 anos, terceiro ano do ensino médio. Ele foi além. Entre estudantes do Acre, o primeiro.

Está preparando as malas para pousar em Brasília porque foi premiado. Ele representará o Acre por ter elaborado um projeto de lei que torna obrigatória a arborização de vias, de praças e de centros urbanos das grandes cidades do país.

"Irei a Brasília para conhecer o funcionamento do Senado, da Câmara dos Deputados e os representantes de cada Estado", disse o jovem.

Em uma escola onde não havia norma, regras, é uma ironia do destino um aluno da Heloísa Mourão Marques receber um prêmio por causa de um projeto de lei.

Parabéns, rapaz!

quarta-feira, novembro 04, 2009

Condenação Fatal

De Cruz e Sousa [1861-1898]













Ó mundo, que és o exílio dos exílios,
um monturo de fezes putrefato,
onde o ser mais gentil, mais timorato
dos seres vis circula nos concílios;

Onde de almas em pálidos idílios
o lânguido perfume mais ingrato
magoa tudo e é triste, como o tato
de um cego embalde levantando os cílios;

Mundo de peste, de sangrenta fúria
e de flores leprosas da luxúria
de flores negras, infernais, medonhas.

Oh! como são sinistramente feios
teus aspectos de fera, os teus meneios
pantéricos, ó Mundo, que não sonhas!

terça-feira, novembro 03, 2009

Zangado

As pessoas mal-humoradas possuem uma inteligência mais afiada segundo um estudo realizado por um cientista australiano e publicado na última edição da revista científica Australasian Science, informou hoje a rádio ABC.

"A tristeza e o mau humor melhoram a capacidade de julgar os outros e também aumentam a memória", assegura o professor Joseph Forgas, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney.

O mau humor melhora a atenção e proporciona prudência, segundo o artigo

"Enquanto um estado de ânimo positivo facilita a criatividade, a flexibilidade e a cooperação, o mau humor melhora a atenção e facilita um pensamento mais prudente", explica o artigo.

"Nossa pesquisa sugere que a tristeza melhora as estratégias para processar a informação em situações difíceis", acrescenta.

Forgas ressaltou que as pessoas com um estado de ânimo mais decaído possuem maior capacidade de argumentar suas opiniões por escrito, pelo que concluiu que "não é bom estar sempre de bom humor".

sábado, outubro 31, 2009

A Redação no Conselho de Disciplina (1)


Desde 2006, quando os conselhos de disciplina deram sinais de vida na escola estadual Heloísa Mourão Marques (HMM), o corpo docente de Literatura e de Língua Portuguesa não escreveu na lousa o que pensa sobre produção textual.

Não há metodologia, não há processo de avaliação, não há procedimentos para reconstrução textual, ou seja, não há um plano pedagógico fundamentado, não há documento que dê um norte à produção textual. Existe, isso sim, o lecionar isolado de cada professor e inexiste a produção textual como imagem e semelhança do corpo docente.

Para uma escola que não foi nada bem no último Exame Nacional do Ensino Médio, deixar esse vácuo na produção textual é impor aos alunos o fracasso no Enem. Mas quem impõe? Ora, o desinteresse do corpo docente.

Secretaria, socorro!
Para ratificar o que escrevi antes, posso dizer que duas funcionárias da Secretaria de Educação afirmaram que o plano de curso de Língua Portuguesa da escola HMM é inadequado à proposta do Ministério da Educação.

Na época, por questão de pressa, o corpo docente o escreveu para mera (inútil) formalidade. Trabalho malfeito é trabalho dobrado.

É preciso fazer
Depois que o prof. Luís Carlos entregou a função de presidente do Conselho de Disciplina de Literatura e de Língua Portuguesa no começo deste ano, assumi a responsabilidade não por agradar a todos, mas por ninguém se candidatar.

O que fazer? Na condição de presidente do conselho, busquei retormar ideias esquecidas em 2006, quando o conselho reuniu-se pela primeira vez. Quais ideias? A primeira foi descrever os problemas redacionais de nossos alunos.

Dois deles: gramática tradicional e retomadas de ideias. Pois bem, no dia 26 de setembro de 2009, os professores de Literatura e de Língua Portuguesa concordaram que no dia 21 de outubro deixariam no pendrive e imprimiriam exercícios de gramática tradicional e de retomadas de ideias.

Escrevi a lista e cada professor recebeu sua tarefa para o dia 21 de outubro. Ei-la:

a) Professora Alessandra
1. Marcadores;
2. Pronomes oblíquos; e
3. Retomadas de ideias.

b) Professora Robenilde
1. Regência nominal;
2. Concordância nominal; e
3. Aposto.

c) Professor Luís
1. Subordinadas adverbiais;
2. Ponto contínuo; e
3. Particípio regular e gerúndio.

d) Professora Elivânia
1. Transformar substantivo em verbo;
2. Ampliar o vocabulário do aluno; e
3. Uso adequado de palavras no texto.

e) Professor Aldo
1. Vírgula;
2. Colocar parágrafos na ordem;
3. Concordância verbal; e
4. Regência verbal.

Quase um mês depois, o dia 21 chegou, é hoje. Entretanto, dois colegas faltaram à reunião, um não apresentou sua tarefa e só dois cumpriram o acordo firmado em 26 de setembro. A professora Elivânia entregou sua parte a mim, e eu entreguei a ela a minha.

Se é em nome da Redação, diga ao povo que fico
Depois de hoje, depois de um acordo ignorado, não tenho a menor vontade de presidir esse conselho. No entanto, não desisto de buscar o melhor para a escola pública em que leciono, não abandonarei a luta do diálogo, das críticas e das propostas para ver um currículo de produção textual.

Embora não presida mais o conselho, retomarei sempre no Conselho de Disciplina de Literatura e de Língua Portuguesa o que foi acordado em reuniões anteriores no tocante à produção textual. Assumirei o desejo incansável de "atar" acordos sobre produção textual, de "retomar" ideias sobre produção textual até que elas sejam concluídas e registradas como documento, ou seja, se houve um acordo sobre um plano pedagógico de redação em 26 de outubro, ele deverá ser esgotado e, aí sim, cumprir outra etapa de uma nova pauta sobre produção textual.

Dedicar-me-ei para que nossa escola tenha um plano pedagógico consistente de produção textual. O blogue será um bom espaço para registrar isso.

terça-feira, outubro 27, 2009

Vai um cachorro-quente?


O prazer (sádico) de estudar

A escola acriana é a última instituição pública em tudo. Nela, nem uma rede de computadores existe. Professores e secretaria registram notas escolares em papéis. Sua imagem é a mesma de 50 anos atrás. Nas salas, o calor abafa o conhecimento, não existem ares-condicionados e os ventiladores circulam em vão.

O professor deve lecionar de forma prazerosa. Antes, prazerosa deveria ser a sala de aula.
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Estudantes desmaiam em sala de aula por causa do calor
De Ana Paula Batalha

Quatro alunos desmaiaram em sala de aula por causa do forte calor. Eles foram encaminhados ao pronto-socorro de Rio Branco pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) nesta terça-feira, dia 27. Os estudantes da escola Rodrigues Alves Leite, no Centro da capital, assistiam à aula no momento em que começaram a se sentir mal.

Com isso, vários alunos e professores deixaram as salas de aula e foram protestar em frente à escola. Eles pedem melhores condições na entidade, pois, segundo eles, muitas salas não possuem nem ventiladores.

“Algumas salas possuem ares-condicionados mas eles não prestam. Funciona o primeiro horário e depois não gela mais. Queremos que concertem os aparelhos, pois não temos condições de estudar nesse calor insuportável. A nossa sala fica de frente para o sol, esquenta o dobro. O que adianta ficarmos dentro de sala se não conseguimos prestar atenção nas aulas?”, argumentou a estudante Tabita Lima.

A estudante Tainara Viana também ressaltou sobre a falta de interesse da diretoria da escola com a situação.

“Foi preciso os alunos ligarem para o Samu, pois a diretora não queria. O pessoal do Samu pensou que fosse trote e demoraram para socorrer as meninas”, ressaltou.

No início do ano, os estudantes tinham feito um protesto pelos menos motivos, mas não foram atendidos. A diretora da instituição não foi encontra para comentar o assunto.

segunda-feira, outubro 26, 2009

A democracia da escola pública

Após alguns anos na rede pública de ensino, lecionando Literatura e Língua Portuguesa em salas de aula sem ares-condicionados, afirmo, com toda propriedade, a minha mais sólida desconfiança na democracia escolar.

Na escola Heloísa Mourão Marques, antes de o ano letivo de 2009 ter sido iniciado, direção e corpo docente reuniram-se para definir o calendário escolar do primeiro e do segundo semestres de 2009.

Em julho, segundo semestre, em uma reunião onde todos os professores podiam participar, definiu-se que em um sábado de cada mês haveria encontro pedagógico por meio dos conselhos de disciplina.

Uma vez por semana, o professor da rede pública estadual de ensino deveria se reunir com outros professores para o planejamento pedagógico, porém esse planejamento transformou-se em "folga".

Nada mais justo, portanto, haver encontro pedagógico aos sábados para compensar a "folga". E mais. Como a "folga" dos professores difere-se na semana, o corpo docente concordou em reunião que o encontro pedagógico deve ser aos sábado porque a grande maioria dos professores pode comparecer.

A democracia segundo o interesse do feriado
E assim ficou determinado conforme votação. Em julho, nós sabíamos que em 31 de outubro (sábado) deste ano haveria um encontro pedagógico para estabelecer, por exemplo, os rumos da Literatura e da Língua Portuguesa na escola HMM.

No entanto, alguns professores rompem com o que votaram em julho, e tudo por causa de um feriado prolongado. Como o governo transferiu o feriado de 28 de outubro (quarta-feira) para o dia 30 (sexta-feira), a democracia escolar transfere o encontro pedagógico do dia 31 de outubro (sábado) para o dia 29 de outubro (quinta-feira, à noite).

Na quinta-feira, não poderei ir à reunião do Conselho de Língua Portuguesa. Mas o que importa a minha ausência em um conselho de disciplina se podemos ter um feriado prolongado?

A democracia escolar não se reúne para haver mais sábados com encontros pedagógicos, mas, para prolongar feriado, rompendo com o que tinha sido aprovado em julho, a maioria vota conforme sua comodidade.

A questão não é "eu não tenho culpa de você trabalhar na quinta-feira, à noite". A questão é que houve uma reunião em julho para definir um calendário para todos, mas, por causa de uma feriado prolongado, transfere-se um encontro pedagógico para uma quinta-feira. A democracia escolar vota a favor de seu conforto.

Como indivíduo, o que posso diante dessa democracia?

Pergunto a ela: vamos votar para haver por mês quatro encontros pedagógico em quatro sábados? Vamos transferir a "folga" para os sábados?

Ótimo sítio

Acesse Viviane Mosé

domingo, outubro 25, 2009

Nova blogueira

A nova blogueira é simples como o charme das flores. Seu texto, uma confissão.

Estudiosa, os livros a seduzem como as marés.
Acesse este nome: Mony Brasil

Ganha mais quem leciona melhor

É um bom estímulo ao professor
De Gilberto Dimenstein

A partir de agora, um professor da rede estadual de São Paulo terá condições de, ao final carreira, chegar a um salário superior a R$ 6 mil mensais -isso se aceitar fazer uma série de exames ao longo de sua carreira e não faltar às aulas.

Isso colocaria o professor, segundo os critérios brasileiros, na faixa dos 10% mais ricos. O projeto é limitado (não pode promover todos os professores ao mesmo tempo, por restrição orçamentária) e não resolve a média salarial, ainda baixa, mas sinaliza o valor do mérito e isso é capaz de atrair talentos para a escola pública. Atualmente, o salário de um professor é abaixo do rendimento de um profissional como diploma universitário.

Além dos exames, se valorizam a presença em sala de aula e a baixa rotativa entre as escolas.

É das mais interessantes ações de toda a gestão José Serra. A decisão coloca São Paulo na vanguarda de um sistema de mérito aos professores, que já são beneficiados, todos os anos, com um bônus a partir do desempenho de seus alunos.

Os sindicatos, como sempre, vão chiar, faz parte do jogo. Mas os talentos e esforçados vão ser recompensados.

Sabemos que aumentos salariais indiscriminados não melhoram tanto a educação como premiar o esforço.

O mal que vem da igreja

Igreja Universal fez remessa clandestina, diz relatório

RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

O Ministério Público Federal tem em seu poder documentos que indicam o uso de uma casa de câmbio chamada Diskline para fazer remessas de pelo menos R$ 17,9 milhões, em valores atualizados, para uma conta bancária em Nova York cuja beneficiária era a Igreja Universal do Reino de Deus.

As remessas ocorreram, segundo as investigações, por meio de dólar-cabo, um sistema clandestino de transações internacionais que foge do controle do Banco Central. Por esse sistema, combatido pela Polícia Federal desde que foi descoberto, em meados dos anos 90, doleiros do país abastecem contas de brasileiros no exterior sem que o BC tenha conhecimento das operações.

É uma espécie de compensação paralela entre contas bancárias abertas no exterior em nome de empresas "offshore" sediadas em paraísos fiscais. O dinheiro é entregue pelo cliente ao doleiro, no Brasil, em espécie. Simultaneamente, o mesmo valor, excluída a "taxa de administração" cobrada pelo doleiro, é transferido de uma conta aberta fora do Brasil em nome de empresa de fachada controlada pelo doleiro. Operações desse tipo são consideradas, nos EUA, retransmissões ilegais de fundos.

Os documentos que revelam as operações foram produzidos pela Assessoria de Análise e Pesquisa da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, tendo como base os achados das ações da PF e da CPI do Banestado. Num disquete apreendido na sede da Diskline e periciado pela PF, foi achada uma tabela que descreve 24 remessas feitas entre agosto de 1995 e fevereiro de 1996 no total de R$ 7,5 milhões, ou R$ 17,9 milhões atualizados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor).

O dinheiro era entregue por uma pessoa identificada pelo código "Ildinha/Fé" e tinha como destino final a conta nº 365.1.007852 do antigo Chase Manhattan Bank de Nova York (EUA), adquirido no ano 2000 pelo JP Morgan, dando origem ao JPMorgan Chase & Co.

Conforme documentos constantes do CD-Rom, as operações envolvendo o nome de "Ildinha/Fé" são operações em que a diretora do Banco de Crédito Metropolitano e de empresas do grupo da Igreja Universal, sra. Alba Maria Silva da Costa, fazia com a mesa de operação da empresa Diskline de São Paulo, sendo o nome "Ildinha/Fé" uma referência à funcionária da igreja de nome Ilda, que, inicialmente, era encarregada de levar as malas de dinheiro para a empresa Diskline", apontou o relatório.

Alba Maria, referida no relatório, é uma das pessoas denunciadas pelo Ministério Público de São Paulo, ao lado do líder da Iurd, Edir Macedo, por supostos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ela foi executiva de empresas controladas pela igreja.

Segundo as investigações, a Diskline teve como sócios Marcelo Birmarcker e Cristiana Marini. "Eles estão na relação de doleiros investigados no caso Banestado, sendo ambos titulares de três contas no Merchants Bank de Nova York, banco em que vários doleiros brasileiros possuíam conta e que teve o sigilo bancário afastado no curso das investigações", prossegue o relatório datado de 22 de março de 2007.

Segundo o documento, as três contas do Merchants controladas por aqueles investigados são a Milano Finance (nº 9005035), a Pelican Holdings Group (nº 9007110) e a Florida Financial Group Ltd. (nº 9010264). Elas movimentaram (soma de entradas e saídas de recursos), entre janeiro de 1998 e janeiro de 2003, aproximadamente US$ 164 milhões.

Trading

Outro relatório federal descreve operações da "offshore" CEC Trading Corporation, aberta em nome do irmão de Edir Macedo, Celso Macedo Bezerra, com a empresa Beacon Hill Service Corporation, fechada em 2003 pelas autoridades dos EUA sob acusação de retransmissão ilegal de fundos.

A Beacon Hill --que no Brasil deu origem à maior operação deflagrada contra doleiros, a Operação Farol da Colina-- transferiu US$ 76 mil para a CEC Trading entre dezembro de 1997 e junho de 1998. Os recursos foram transferidos por meio de uma subconta denominada "Titia", igualmente gerida por doleiros do Brasil.

'Nos contratos de câmbio recebidos do Banco Central do Brasil há a informação de que a Rádio e Televisão Record S.A. remeteu para o exterior a quantia de US$ 1,2 milhão para a CEC Trading Corporation, na mesma conta que recebeu recursos de doleiros da Beacon Hill, qual seja, a conta nº 3871339802, mantida no Barnett Bank da Flórida', diz relatório da Procuradoria-Geral da República de outubro de 2005.

Outro lado

A Igreja Universal do Reino de Deus, procurada pela Folha na semana passada para falar sobre os relatórios em poder do Ministério Público Federal, informou na quinta-feira, por meio de sua assessoria, que não comentaria o assunto por falta de informações suficientes.

Em e-mail enviado às 13h42 da última terça-feira, a Folha detalhou os principais pontos dos relatórios do Ministério Público Federal e fez sete perguntas à Igreja Universal.

Eis a íntegra da nota enviada, em resposta, por sua assessoria: "Os advogados do escritório Moraes Pitombo não conseguiram ter acesso à investigação do Ministério Público e por esse motivo a Igreja Universal do Reino de Deus não irá se pronunciar a respeito desses fatos. As perguntas referentes ao senhor Celso Macedo e à Rede Record devem ser direcionadas a eles, pois a igreja responde somente por ela".

Após a resposta da Igreja Universal, a Folha procurou a Rede Record e também pediu os telefones e contatos de Celso Macedo, citado nos relatórios do Ministério Público.

Em e-mail enviado à Folha, a Record confirmou uma transação comercial com a CEC Trading. "A Rádio e Televisão Record S/A não efetivou conforme o narrado acima [em perguntas enviadas pela Folha]. As transferências de valores que existiram à CEC Trading Corporation foram devidamente registradas através do Banco Central, referente ao pagamento de importação de equipamentos para o exercício de sua atividade", afirmou.
Celso Macedo não foi localizado para comentar o assunto.

Em entrevista à Folha em agosto passado, o advogado dos líderes da Universal que foram denunciados pelo Ministério Público, Arthur Lavigne, negou quaisquer irregularidades.

sábado, outubro 24, 2009

O mal também sabe sorrir

Suspeitos da morte de professor ainda sorriem diante da imprensa
De Gilberto Lobo

Os acusados pela morte do professor de biologia Marcos Afonso Soares foram apresentados à imprensa na manhã de sábado, 24. Durantes as fotos, um dos suspeitos chegou a sorrir quando os jornalistas perguntaram a idade dele. Parte do dinheiro obtido com a venda do carro que pertencia à vítima foi gasto apenas com “farras”, como frisou o secretário de Polícia Civil, Emylson Farias.

Os acusados são Valdemir Soares da Silva (23) - serralheiro que fazia serviços para vítima-, os irmãos Jéferson da Silva Gonçalves (20) e Cláudio Sérgio da Silva Gonçalves (23). Todos são réus primários e fazem parte da mesma família.

Com os suspeitos, foram encontradas uma moto, R$ 1.354, um revólver e dois celulares. O carro de Marcos Afonso valia R$ 40 mil. Foi vendido em Cobija, na Bolívia, por R$ 7 mil.

O crime mostrou a fragilidade da fiscalização na fronteira. Os acusados passaram com o automóvel do professor – um Renault Sandero – pelo posto de fiscalização da Companhia de Trânsito (Ciatran), pelo posto de fiscalização em Senador Guiomard, onde foram registradas imagens do veículo pelas câmeras de vigilância da Polícia Militar, pela fiscalização na ponte Wilson Pinheiro e por fim pela “tranca” que separa Brasil-Bolívia.

Em nenhuma das barreiras de fiscalização, os criminosos foram parados. De acordo com informações dos delegados responsáveis pelas investigações, o crime aconteceu por volta das 18 horas, mas os familiares e as testemunhas só informaram à delegacia aproximadamente às 20 horas.

O carro foi filmado no trevo de Senador Guiomard às 19 horas. Conforme explicou o secretário, quando informaram do crime, imediatamente equipes da polícia saíram para fazer as buscas, e as delegacias do interior foram informadas. Mesmo assim, não foi possível interceptar os apontados como assassinos de Marcos Afonso.

Conforme foi revelado por Emylson, a faca utilizada para matar o professor não foi retirada do local do crime. Os peritos não a encontraram quando fizeram o isolamento da casa do docente, porque ela estava sob peças de roupas.

“Ninguém trabalhava com essa hipótese (do corpo ter sido enterrado na propriedade). A priori, não foi feita nenhuma perícia no local, porque as testemunhas disseram que ele havia sido levado”, disse o delegado.

Dinâmica do crime
A vítima foi rendida pelos três homens armados com um revólver 38 e uma faca. Os vigias da obra foram presos num quarto. Na versão da polícia, Valdemir teria matado o professor porque teve medo de ter sido reconhecido.

Eles o enterram num buraco onde seria plantada uma palheira imperial. Conforme informações ainda não confirmadas, as ferramentas usadas pelos suspeitos ficaram sobre o local onde estava o corpo.

No corpo da vítima, havia marcas de seis golpes de faca. O carro fora encomendado por criminosos bolivianos previamente, o que reforça a tese de um crime premeditado.

“Marcos foi escolhido pelos criminosos porque Valdemir, como já trabalhava para ele, sabia como poderia agir e o crime seria perfeito”, acrescentou Farias.

Medo
Quadrilhas de traficantes bolivianos estão encomendando carros no Brasil. Os veículos são levados para o país vizinho com negociação já fechada. (Gilberto Lobo)

sexta-feira, outubro 23, 2009

Estou...

Poderiam ter roubado só seu carro. Mas não. Inocente, o professor Marcos foi assassinado.

Professor foi enterrado vivo no terreno da própria casa
De Nayanne Santana

O sequestro do professor universitário de biologia Marcos Afonso Soares, de 46 anos, teve um final bárbaro. Os envolvidos no assalto seguido de morte confessaram à polícia que Marcos foi furado com um facão e enterrado ainda vivo no quintal da própria casa, em um buraco onde uma palheira seria plantada.

Segundo a polícia, Marcos foi enterrado vivo no quintal da residência que construía na rua Margarida, bairro Nova Esperança. Peritos do Instituto Médico Legal (IML) foram deslocados para a residência do professor universitário na noite de ontem para remover o corpo de Marcos do local.

Os envolvidos
De acordo com informações preliminares da polícia, entre os envolvidos, um menor de idade.

O mistério sobre o sequestro começou a ser desvendado no início da noite desta sexta-feira, dia 23, quando dois homens foram presos em Xapuri.

Depois das investigações, a polícia chegou aos irmãos Jéferson da Silva Gomes e Cláudio Sérgio da Silva Gomes. Eles seriam comparsas de Valtemir Soares da Silva, que foi contratado para fazer as grades da residência que Marcos estava reformando no bairro Nova Esperança.

A polícia prendeu os três no ramal da Alcoobrás. A prisão foi feita pelos delegados das cidades de Xapuri e de Capixaba e pelos agentes da Polícia Civil de Rio Branco.

De acordo com a polícia, os assaltantes venderam o veículo do professor na cidade de Cobija, na Bolívia. (Nayanne Santana)

quinta-feira, outubro 22, 2009

Comprador de palavras

Você compra papel higiênico para limpar a bunda. Você compra roupa para esconder tua vergonha. Você compra feijão para não passar fome. Mas você não compra palavras para (des)cobrir a vida.










Há anos, sou um comprador de palavras. Tinha 17 anos quando meus olhos conferiram o valor que elas tinham. Eram estranhas como os estrangeiros, diferentes dos ruídos da rua e das superficialidades das novelas. Eram opostas ao meu pai e à minha mãe. Eu não as entendia. Guardei-as como começo de minha biblioteca.

Comprei o que não entendi. Leva tempo para que o comprador amadureça para perceber que palavra não é coisa, produto ou objeto. O proprietário da livraria, sabemos, é comerciante, porém palavra não é mercadoria. Vida, eis o que ela é.

Eu, um mero comprador de palavras aos 17 anos, tive de amadurecer para compreender o meu primeiro livro, onde as palavras, em estado pleno de silêncio, só emitiram vozes com sentido quando meus olhos souberam ler para muito além da aparência.

Até hoje, debruço meus olhos sobre o parapeito de páginas para abrir as palavras e assim dar sentido às paisagens. Abro livros para (des)cobrir por meio de palavras o que a vulgaridade espessa da rua oculta.

Ler Drummond. Neruda. Ler Pessoa. Leminski. Ouvir Caetano. Cazuza. Ler poesia, porque, atrás da aparência, o verso, o outro lado, o que se esconde, revela. O verso desperta e reconvoca por inteiro o nosso puro poder de expressão para além das coisas já ditas ou já vistas.

Assista a "O Carteiro e o Poeta".


quarta-feira, outubro 21, 2009

Greve

Servidores da Justiça e da Ufac realizam paralisação
De Freud Antunes

Os servidores administrativos da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado realizaram uma paralisação de 24 horas ontem para reivindicar melhorias trabalhistas.

Os técnicos da Universidade até bloquearam a entrada de carros na instituição, exigindo o cumprimento de todos os acordos firmados em 2007.

Os funcionários da Justiça abandonaram as repartições e aglomeraram-se na frente do Fórum Barão do Rio Branco para protestar contra a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que aumentou em duas horas a jornada de trabalho, passando de 6 horas para 8 horas diárias.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Terceiro Grau (Sintect), José Alberto Lotte, o governo federal tem cumprido parte do acordo acertado que oferece um reajuste progressivo até 2010, mas deixou de realizar concurso público, o reposicionamento funcional, a progressão para o aposentado, a liberação do sindicalista para ficar à disposição da entidade e o vale-alimentação.

“As exigências fizeram parte do acordo, mas, agora, os técnicos do governo federal afirmam que não estão autorizando, porque a arrecadação caiu, o que não admitimos”, afirmou Lotte.
A presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (Sispjac), Rosane Ferraz, disse que 75% da categoria aderiu ao movimento.

“Eles querem que um servidor trabalhe mais horas sem aumentar o seu salário. Isso não é justo, pois teremos maiores gastos. Um trabalhador contratado para exercer sua função em seis horas não pode ter sua carga horária alterada assim”, protestou a sindicalista.

O representante do Sintest afirmou que os técnicos administrativos estão dispostos a entrar em greve por tempo indeterminado caso não haja um acordo.

As mobilizações seguem determinações das federações que organizaram uma paralisação em 45 universidades e em todas as repartições da Justiça.