quarta-feira, novembro 03, 2010

Livres


Que a vida seja assim

espessa como brisa suave
livre como folha

desprendida do galho

Que a vida seja assim

entre mim e você
atalhos




A você, Mony, minha poesia.

domingo, outubro 31, 2010

Dilma vota em Dilma

Aos 69 anos, minha mãe Dilma saiu de casa para votar em Dilma, do PT. "Sei que Lula melhorou a vida dos mais sofridos", disse para justificar sua escolha.

Se minha mãe é maioria em casa, Dilma Rousseff é maioria no Congresso. Não há mais desculpas com a tal "governabilidade". O PT tem agora a obrigação de realizar as reformas.

Reforma, por exemplo, política. Dilma, minha mãe, espera por tais reformas.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Ele é o cara

Thales Antonio Pinheiro Scherer, da escola Heloísa Mourão Marques, foi premiado na etapa estadual da Olimpíada de Língua Portuguesa (edição de 2010) e está classificado para a fase regional, categoria de artigo de opinião.

Alunos da 3ª série do ensino médio, Thales foi o primeiro colocado no município de Rio de Branco e o segundo no estado, com o artigo "Luz para Todos", dissertando sobre os apagões na capital do Acre.

Lecionei para a inteligência de Thlales no 2º ano do ensino médio, ano passado. Sempre atento, ele sempre assistiu às minhas aulas de Redação com dedicação. Escrevia e reescrevia o texto o quanto fosse necessário.

Muitos colegas de profissão só sabem reclamar dos alunos, como se os alunos não tivessem algo a reclamar dos professores. "Não querem nada, eu faço a minha parte, se não quiserem, eu ganho do mesmo jeito", afirma aquele pseudoprofissional.

Thales é muito para esse tipinho de falso professor. Alunos iguais a esse quieto rapaz me dizem que meu trabalho nunca está bom, que preciso melhorar sempre. Se vacilar, somos nós, professores, que parecemos tolos diante desse modelo de juventude.

A ti, meu amigo, digo-lhe apenas que eu queria que a escola pública brasileira fosse outra, mas, como não é, espero que nosso breve encontro nesta vida tenha ofertado a teu destino um professor que expressou a paixão pelo ato inquieto de lecionar.

Sei que deixei falhas, mas sei também que não fui mais um em sala de aula. Tentei mostra a ti a importância da palavra pensada e da palavras bem organizada com outras palavras. As vírgulas, sabemos, são muito importantes para tamanha organização. Não se esqueça dos bons verbos. Amplie seu vocabulário como quem amplia as boas amizades.

Alimente-se de bons livros, Thales, porque esse alimento combate a pior de todas as doenças: a ignorância. E saiba: adquirimos conhecimento para que não sejamos humilhados. Que no futuro próximo tenha sua apaixonada profissão e, quando receber seu primeiro salário, meu amigo, compre um livro.

Mas saiba também que trabalhamos não para receber dinheiro; trabalhamos para melhorar a vida de nosso semelhante. O dinheiro é uma consequência.

Vida longa, Thales!

Minha origem

Hoje, 28.10.2010, meu pai finalmente submeteu-se a uma cirurgia de catarata. Chegamos à clínica às 7 horas da manhã e, por muito pouco, ainda não seria este dia o dia da operação porque, dias antes, tossia muito por causa de uma gripe.

Mas, como ficou melhor, a médica o liberou.

Em casa, ficará em absoluto repouso por 30 dias. Depois dessa, ele ficará em uma mesa de cirurgia no próximo ano para que sua vista esquerda seja operada.

Com sequelas de dois acidentes vasculares cerebrais - sua voz modificou-se e esquece com facilidade -, ele não quer se submeter ao cateterismo, por isso seu médico ignora a real lesão deixada pelo AVC.

Ele está bem, mas, olhando com ternura para ele, não consigo deixar de me comover com a vida. Em 2011, concluirei algumas coisas no Acre e, depois de concluídas, afastar-me-ei de minhas funções como professor do estado para ficar com meus pais e com meu irmão.

O tempo sempre exige de nós, é preciso estar muito bem preparado para sua imposição.

domingo, outubro 24, 2010

... e as leituras

Faltam quatro dias para a cirurgia de meu pai, quinta-feira, dia 28 de outubro. Aos 76 anos, cuido dele como quem cuida do tempo, que nunca retorna. Meu pai, segundo a natureza do tempo, está partindo bem devagar. Sem vigor físico, com memória que não guarda, a natureza humana me comove.

Após a operação, ficará sob cuidados durante 30 dias. Ficará quase imobilizado.

Enquanto isso, além de ajudar minha mãe - faço compras, compro remédio, pago as contas -, tenho lido jornais, revistas e livros. Depois de "Calendário do poder", de frei Betto, meus olhos se encontraram com "O choque do real - estética, mídia e cultura", de Beatriz Jaguaribe; e "Quem ama literatura não estuda literatura - ensaios indisciplinados", de Joel Rufino dos Santos.

O Mal

Em Maricá, por causa de um ótimo livreiro, comprei uma obra por que eu procurava há anos. Proibida no Brasil até 2014 por causa de uma ação judicial de judeus, "Mein Kampf", de Adolfo Hitler, tem recebido a visita de minha leitura.

Leio aos poucos Hitler. Por meio dele, quero assimilar as palavras do Mal [político]. Paralelo a isso, leio outro Mal: "Os infortúnios da virtude", de Marquês de Sade. Essas leituras estão lentas porque outras tornaram-se mais urgentes.

Entre rabinos e gays

Eis as urgências: meu texto para a revista "Visões Amazônicas" e preparar aulas de literatura infantil para a faculdade.

Para a revista, "O falo de Deus", do rabino Howard Eilberg-Schwartz; "Reflexões sobre a questão gay", de Didier Eribon; e "O livro negro do cristianismo - dois mil anos de crimes em nome de Deus", de Jacopo Fo, Sérgio Tomat e Laura Malucelli.

Para a literatura infantil, leio com anotações no computador "Crítica, teoria e literatura infantil", de Peter Hunt. Com 291 páginas, minhas anotações estão na página 95.

"Afinal, O que querem as mulheres?"

Em novembro, Luiz Fernando Carvalho, 50 anos, ressurge na Rede Globo com uma nova série, "Afinal, O que querem as mulheres?".

Os estúpidos não assistem aos trabalhos de Fernando Carvalho por causarem estranhamento, o que acaba sendo indecifrável por mentes domesticadas pelo comum, pelo normal. Por R$ 50, comprei "Capitu", da minissérie de Luiz Fernando Carvalho. Essa bela encadernação, eu lerei depois, há ótimos autores que escreveram ótimos ensaios.

Enquanto cuido de meu pai, não me descuido das leituras.

sexta-feira, outubro 22, 2010

"Visões Amazônicas"

Como está difícil encontrar alguém que escreva para a revista "Visões Amazônicas". Consegui um bom texto de uma professora do Rio Grande do Sul. Do Acre, um significativo de Cláudio Ezequiel e da professora-gestora Osmarina. Outro texto foi escrito pelo professor Guilherme.

Por causa dessa pouca presença, surgiram duas ideias:

1) jornalista pode ocupar espaços na revista com textos que fogem ao senso comum e enfadonho; e

2) universitário pode publicar sua monografia.

Carlos Alberto, diretor da Faculdade Euclides da Cunha, concordou. Se publicar boas ideias [críticas] depende de independência financeira, a revista Visões Amazônicas" possui tamanha independência.

O problema, no entanto, é pensar.

sábado, outubro 16, 2010

Dia do professor

Há neste país, segundo o movimento Todos Pela Educação, 1.977.978 professores, números do Censo Escolar de 2007, sendo que a maior parte leciona no ensino fundamental, 1.504.000.

Do total de professores, 81,5% são mulheres e 58% delas têm até 40 anos.

O piso salarial do docente no Brasil limita-se a R$ 1.024,67 segundo o Ministério da Educação (MEC).

Nesta Pátria tão cristã, terra abençoada por Deus de oligarquias que sempre governaram este chão, 8,9% da população é analfabeta e 25,7% de brasileiros carregam a bandeira do analfabetismo funcional.

No Acre, acima de 15 anos, 15,4% de brasileiros sofrem com a cegueira do analfabetismo, sendo que a população acriana em 2007 era de 655.385.

A escolaridade em média não passa de 7,2 anos de nossos brasileiros cinco vezes campeões do mundo. Só 53,8% dos alunos chegam ao ensino médio. Apenas 30,5% de jovens pisam o chão de um ensino superior.

Cinco vezes campeões de futebol

Conforme o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa de 2006), entre 57 países, o nosso "berço esplêndido" ficou na 53ª posição em ciências, na 54ª em matemática e na 50ª posição em leitura.

Podemos até ganhar a Copa do Mundo de Futebol em 2014, mas, segundo o MEC, somente em 2021 nossas escolas públicas atingirão média 6, número igual a países europeus.

Serra, Dilma e... Marina

Quem visita os sítios dos candidatos constata que educação não passa de propaganda política.

Serra, como não poderia deixar de ser, é genérico: "garantir às universidades federais condições adequadas de funcionamento."

Dilma também tomou remédio genérico para a educação: "valorização adequada do professor."

No sítio do PV, Marina é profundamente superficial. E não é só. Enquanto fala de 7% do PIB para a educação, o movimento Todos Pela Educação exige 10%.

Os três limitam-se a repetir obviedades.

Marina, por exemplo deveria responder às seguintes questões:

1) como garantir uma educação pública com qualidade?

2) como melhorar a gestão escolar?

3) como transformar a profissão de professor em "objeto de desejo"?

4) o que proporcionar na educação integral?

5) como relacionar educação e cultura no currículo?

6) como diminuir a evasão?

7) na escola, deve prevalecer o mérito? Se deve, quais mecanismos devem ser criados?

8) a escola deve depender só de recursos públicos?

9) pagar melhor salário depende também do mérito do professor mais dedicado e que obtém melhor resultado?

10) como haver no cotidiano escolar o valor do simbólico?

11) a escola deve ser administrada por profissional formado em administração pública?

Quando se trata de falar da educação pública acriana, Marina Silva é silêncio. Sem respostas.

sábado, outubro 09, 2010

Entre dois Rios

Um Rio, na floresta; outro, à beira mar. Um é bem mais violento e desumano do que outro.

Rio Branco e Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa, a educação é muito pior.

Deputado estadual pelo Partido Popular Socialista (PPS), Comte Bittncourt escreveu neste sábado, 9 de outubro, um texto curto no jornal O Globo -"Escravos de Jó".

Segundo ele, em 35 anos, o atual secretário de Educação é o 26
º. O Rio de Janeiro tem em média um secretário a cada 17 meses.

Em 2010, o Rio de Janeiro perdeu aproximadamente 70 professores por mês com exonerações. No final do mês, o estado paga ao professor R$ 765. No final da carreira, o chamado nível 9, o professor do Rio de Janeiro recebe R$ 1.511,27. O Cristo Redentor está lá, mas o planejamento consolidado para o educador não está.

Mais de 50% das escolas não têm bibliotecas e 70% não têm espaço físico para o esporte e o lazer.

Em outro Rio, o Branco, o professor recém-concursado recebe do estado - vamos arredondar - R$ 1.5 mil, ou seja, comparado a quem leciona no Rio de Janeiro, mais R$ 735. Entretanto, o poder de compra de Rio Branco é bem menor do que na cidade do Cristo Redentor.

Rio Branco é cidade mais cara. Alguns exemplos. Uma caixinha de morango custa na capital acriana R$ 5; no Rio de Janeiro, R$ 2. Uma caixa de 1 litro da Kibon vale no caro Araújo R$ 20; no Rio de Janeiro, R$ 10. O azeite Galo extra-virgem chega ao consumidor de Rio Branco por R$ 18; no Rio de Janeiro, entre R$ 8 e R$ 14.

Arroz, feijão, macarrão. A comparação não para entre esses dois Rios.

Quando o governo da Frente Popular fala do salário do professor acriano, ele exclui o poder de compra, o custo de vida. R$ 100 no Acre valem menos do que no Rio de Janeiro.




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sábado, outubro 02, 2010

Não votarei

Como estou no Rio de Janeiro e meu título de eleitor é do Acre, não votarei, mas isso não faz diferença, não faz falta em uma democracia com palanques acrianos sem boas ideias educacionais.

Por falar em educação, estou na expectativa de ouvir Marina Silva depois das eleições.

Que identidade política a candidata verde terá no Acre quando o assunto for educação? Quais críticas ela fará à educação pública acriana? Quais soluções ela apontará?

Nas eleições, Marina disse muito ao Brasil, falta-lhe agora dizer, após as urnas, ao Acre, tarefa que para mim não será cumprida. As amizades no Acre abafam qualquer crítica.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Calendário do poder, leia-o

Muitas linhas do livro Calendário do poder, de frei Betto, chamaram-me atenção. Muitas. Tantas. Destaco duas: Fome Zero e Benedita da Silva.

Na campanha de Dilma Rousseff, nada sobre o programa Fome Zero. Lula nunca mais falou sobre o assunto. Quem ler o livro saberá a razão de o PT não tocar mais no assunto.

Eu já não tinha simpatia por Benedita da Silva e, depois da leitura, considero-a uma inútil na política. Uma vergonha. Na página 301, ele escreve: "Benedita não queria largar o osso" ministerial.

Antes de Lula demiti-la, Betto escreve em 13 de agosto de 2003 a Lula: "Li, com espanto, a notícia de que Benedita da Silva nomeia evangélicos para o ministério dela."

Um dia depois, anota que seu desalento com o governo é cada vez maior. O meu também.

terça-feira, setembro 21, 2010

Meu pai, um livro (2)

Embora rápida, minha leitura cercou-se de cuidados, marcando a lápis o que me interessava. Conheci Betto pela primeira vez quando meus olhos encontraram-se com Batismo de Sangue, edição de 1982.

Anos depois, em 2009, li
Um homem chamado Jesus. Nesse livro, compreendemos o quanto os evangélicos neopentecostais reinventaram um mito imbecil, tamanho imenso de fanatismo e enorme de ignorância.

Ainda em 2009, li
A mosca azul.

Neste ano, li o presente de meu pai, O calendário do poder. Gosto de frei Betto por sua simplicidade, e esse livro, por ser assim, levou-me a uma leitura rápida e precisa.

Resposta a blogueiros

Sempre quando critico o PT neste espaço, alguns blogueiros manifestam repulsão contra o partido de Lula, de Jorge Viana, impedindo que ideias sejam apreciadas. Depois que meu pai entregou a mim o livro
O calendário do poder, disse-lhe que nunca pulsou em mim "inocência" em relação ao Partido dos Trabalhadores. Eu a perdi quando li Maquiavel.

Porque humano, o PT é corrupto, mas o humano de Erenice Guerra. Não creio que no PT todos tenham a mesma face dela. Estão no mesmo partido, mas Tarso Genro não é Benedita da Silva.

Dentro do DEM (ou ex-PDS), um Jorge Bornhausen, presidente de honra, diferencia-se de um César Maia.

Quero afirmar com isso que não aprecio generalizações, isto é, o PT também não é corrupto.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Meu pai, um livro

Os olhos de meu pai estão nas mãos do doutor Bruno Jogaib de Onofre, um dos cinco melhores do Brasil segundo revista especializada; entretanto, em uma de suas clínicas, justamente a de São Gonçalo, onde meu velho esteve, quebraram o aparelho de ultrassom. Disseram que em duas semanas tudo seria solucionado. Não foi.

Na terça, dia 21 de setembro, o doutor Bruno autorizará meu pai para ir a Niterói, Icaraí, a fim de ser submetido ao último exame pré-operatório. Depois, será marcado o dia da cirurgia.

À espera

Enquanto meu pai, de 76 anos, espera a operação, cuido dele com carinho, além de cuidar de minha mãe, de 69 anos, e de meu irmão, de 37, que tem problemas neurológicos e é surdo.

Minha família apresenta fragilidades. Com meu pai doente, minha mãe não tem habilidade para resolver problemas, anda muito esquecida. Meu pai, por sua vez, por causa de sua tradição patriarcalista, impede que eu solucione problemas familiares. Meu pai é pessoa difícil quando se trata de submeter a família a seu inteiro e absoluto controle. Paciência.

Um livro

“Tome, é seu”, estendeu a mão, segurando um presente. Abri e, para minha surpresa, uma publicação de frei Betto, Calendário do poder, editora Rocco. Ontem, ele tinha me convidado a ir a uma livraria em Maricá. Disse-lhe que não havia livraria nesse município. “Ela fica em local recolhido, vou te mostrar.”

Aconchegante o lugar. Meu pai me apresentou a Jorge, o proprietário. “Esse é meu filho.” Depois das apresentações e de uma breve conversa, fiquei perto da literatura nacional; e ele, dos livros de direito. Mas, para a minha surpresa, em casa, ele dedicou o livro de Betto.

“Espero que você, com esse livro, perca a sua inocência em relação ao PT e ao presidente Lula”, meu pai sempre foi contra petistas. Concluí a leitura. Na próxima postagem, comentarei de forma breve.

sábado, setembro 11, 2010

Quando o Verde amarela


Ontem, 10, o dia amanheceu com Sol tímido. Acordei cedo, preparei o café para meus pais e para minha esposa, a Mony. Depois, como faço todas as sextas-feiras, saí para comprar o jornal O Globo e O Dia. Cada um, R$ 2.

NO Globo, a candidata Marina Silva (PV) foi entrevistada por vários jornalistas da família Marinho. Um dia antes, Plínio Arruda Sampaio (P-SoL) declarou no mesmo jornal que Marina é “carreirista”.

Em sua entrevista, a acriana do seringal Bagaço repetiu algumas vezes a palavra “educação”: 1) “E pautamos a educação como prioridade”; 2) “Estou propondo que possamos elevar o investimento em educação de 5% para 7% do PIB”; 3) “Vou ficar com a revolução na educação”; 4) “Estamos propondo a ideia de educação integrada. A educação em tempo integral”.

Nesses meus 18 anos de Acre, nunca ouvi Marina Silva falar de ideias sobre educação pública acriana, porque, como amiga de Jorge Viana (ex-governador) e de Arnóbio Marques (governador), Marina silencia-se. Sua crítica destina-se ao PT nacional.

No Acre, o Partido Verde amarela.

Além disso, Marina não especifica o que possa ser “revolução na educação”. No Acre, não houve nenhuma revolução educacional e muito menos ela diz algo. Se for educação em tempo integral, não há algo novo, porque Darcy Ribeiro realizou isso com Brizola no Rio de Janeiro por meio dos Ciep.

Sobre educação, sua entrevista não ultrapassou a cota da superficialidade.

Mas quem sou para escrever isso em um blogue? Leciono há 13 anos no Acre, vivo no olho do furacão.

Lerei a entrevista de José Serra (PSDB).





quinta-feira, setembro 09, 2010

Grandes erros. Grandes jornais

Em 22 de agosto deste ano, o jornal Folha de São Paulo publica “re-estatização de empresas”. Se consultarmos o Houaiss, encontraremos “reeducação”, “reestruturação”. A Academia Brasileira de Letras orienta a não usar o hífen.

Na mesma edição, entretanto, o jornal publica no Caderno Cotidiano:

“Adolescente da primeira turma de reeducação para o trânsito, que começou na semana passada em Curitiba, no Paraná.”

Na mesma edição, usa-se hífen e não se usa. Estamos falando de Folha de São Paulo, um dos grandes jornais do país.

Grandes erros. Grandes jornais

Durante 16 anos e um mês, trabalhei nas redações de três jornais acrianos: dez anos no Página 20, seis anos em A TRIBUNA e um mês em O Rio Branco.

No segundo, havia dois amigos diagramadores que riam de mim quando eu corrigia “mega-sena”. A editora-chefe, embora discordasse, dava-me a liberdade profissional para corrigir a palavra.

Hoje, dia 5 de setembro, lendo o jornal O Globo, no Caderno de Esportes, li a seguinte chamada: "O bilhete da megasena tricolor." Os dois diagramadores talvez rissem do jornal carioca porque não está escrito “mega-sena”.

Por que o jornalista Pedro Motta Gueiros, de O Globo, não escreveu “mega-sena”? Ele quis seguir a ortografia da língua portuguesa e não o que está escrito no bilhete porque para esse repórter importa a regra da ortografia de nossa língua.

No entanto, se consultasse o uso correto de "mega", o jornalista teria escrito "megassena".









segunda-feira, agosto 30, 2010

Não rimos da Frente Popular

Em 22 de agosto, o riso realizou uma passeata em Copacabana contra o artigo 45 da Lei das Eleições, vigente desde 1º de outubro de 1997, que proíbe em período eleitoral rir dos políticos. “Humorista unido jamais será comido”, era a palavra de (des)ordem.

Três dias depois, o antropólogo Roberto DaMatta publica no jornal O Globo o artigo "Legislar o riso e sacralizar o poder. Diz o autor de Carnavais, malandros e heróis: “O nosso sistema de poder protege, dignifica, hierarquiza e sacraliza o governante. E o quanto somos coniventes com isso.”

No Acre, essas palavras de DaMatta caem muito bem. Aqui, depois que a Frente Popular chegou ao poder, o riso contra Jorge Viana foi inibido quando eu trabalhava no Página 20. O talentoso Braga publicaria uma charge que, claro, ria de Jorge Viana. Entretanto, o assessor Oly – hoje na prefeitura de Rio Branco – “pediu” ao chargista retirar porque não se podia rir do governante Jorge Viana.

No Acre, não existe mais chargistas. Braga recebe sempre o Prêmio Chalub Leite de Melhor Chargista porque ele é único nesse deserto e porque sua charge não galhofa do poder, da Frente Popular, de Jorge Viana, de Edvaldo Magalhães.

Pergunta DaMatta em seu artigo: “Seria possível proibir o riso e o humor neste momento, como fazem os radicais, que se levam tão a sério que não podem rir de si próprios?”. O poder oculta-se com sua seriedade, e o riso (des)cobre o que há escondido sob o discurso sério de um político. O poder sempre mente. O riso sempre revela.

Depois da passeata, o artigo 45 da Lei das Eleições perdeu validade, agora podemos rir dos políticos, menos no Acre. “Amordaçado o riso, o poder sacraliza-se porque não há mais a liberdade de desafiá-lo”, diz Roberto DaMatta.

quarta-feira, agosto 25, 2010

A duas pessoas

Estou querendo que vocês dois escrevam para a revista "Visões Amazônicas", porque vocês não ruminam no pasto do senso comum. Há pagamento simbólico.

Altino e Fátima Almeida, meu correio eletrônico é lingua.portuguesa@uol.com.br, quero apresentar a vocês a proposta livre e ética da revista "Visões Amazônicas". Vamos conversar.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Conselho à minha filha

Quando a Frente Popular do Acre completar 12 anos no poder, deixará os professores estaduais com salário inicial de R$ 1.500,00, ou seja, três salários mínimos. Jorge Viana ainda diz que é um dos melhores salários do Brasil. Bom salário, Jorge, é receber todo mês R$ 20 mil como ex-governador, até a morte.

Oito anos como governador deram-lhe uma pensão vitalícia, o que penso ser muito injusto. Não votei em ti para isso. Por isso, não votarei outra vez em teu nome.

Enquanto o "professor" Edvaldo Magalhães aumenta seu patrimônio por causa de sua condição de deputado estadual, eu, que sou candidato a lecionar, não aconselho minha filha a ser professora. A ela, dedico estas sóbrias palavras:

LEIA COM ATENÇÃO OS SETE MOTIVOS PARA VOCÊ SER UM PROFESSOR

7 (sete) é um número de destaque, pois ele simboliza a perfeição: em sete dias Deus fez o mundo, sete são as cores do arco-íris, mas também sete é conta de mentiroso. O 7 aqui será utilizado em relação à educação e, mais especificamente, ao professor.

Leia-os com atenção e anote todos os detalhes:

1. Estude muito e leia bastante, principalmente a vida de São Francisco de Assis; lembre-se de que você também terá que fazer um voto eterno de pobreza;

2. Prepare-se para manejar certos instrumentos, como o giz e o apagador. Para tal, orientamos o personal stylist de Michael Jackson; você precisará de luva e máscara durante as aulas;

3. Manter-se em forma não será problema para você; com o corre-corre de uma escola para outra, você estará evitando o sedentarismo; com o salarial que recebeu, não precisará fazer regime;

4. O educador é o único que pode acumular cargos: além de ministrar aulas em 3 ou 4 colégios diferentes, ainda sobra tempo para ser sacoleiro, levando para as escolas os últimos lançamentos do Paraguai ou sendo importante representante de empresas como a AVON, a HERMES e a SHOPPING MAIS;

5. A formação continuada do professor é algo bastante importante e valorizada pelo governo. Com sorte ( principalmente para que é do município) você será selecionado para ficar em um grande e luxuoso hotel como o IAT, desfrutar de ótimas instalações e saborear um cardápio variado; tudo isso com uma localização privilegiada e com vista para o ma...to;

6. O local de trabalho deve ser evidenciado: o educador, quase sempre, trabalha em escolas-modelo, cujo slogan é a fartura: 'farta' limpeza,'farta' funcionário, 'farta' material didático, enfim, 'farta' tudo;

7. Por fim, você desfrutará de um plano de saúde de ótima qualidade (SUS), cuja eficiência é demonstrada nos consultórios psiquiátricos repletos de professores que, ao completarem a idade e o tempo de serviço, já se encontram fatigados pelo trabalho, sugados pelo sistema e em pleno desmoronamento físico além do mental.

A você que aguarda por um concurso público. O nosso lema é: 'PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR'. Aos que já se encontram desfrutando desse 'néctar' que é ser funcionário da secretaria de educação, nossos parabéns, você é persistente e capaz. Possivelmente, não terá recompensa aqui na terra, mas é certo que já tenha adquirido lugar privilegiado no céu.

(autoria desconhecida)

segunda-feira, agosto 16, 2010

Se houver quando

Não sei quando deixarei minhas palavras neste espaço. Talvez, não sei, às vezes, quem sabe. Amanhã? Só sei que será quando será. Tudo é incerto. Mas será.

Não serei diário. Todo dia, não serei mais. Serei... às vezes e, por muito tempo, silêncio.