quinta-feira, abril 17, 2008

Vamos Brincar?

A atual gestora da escola Heloísa Mourão Marques, professora Osmarina, pediu que os alunos escolhessem seus padrinhos de turma. Na turma do ensino médio, terceiro A, os alunos votaram em mim. Recebi 32 votos.

Professora Flávia: 5 votos.
Professor Márcio: 2 votos.
Professora Deise: 1 voto.
Professora Maria Célia: 1 voto.

Coloco essa votação neste blog, porque houve uma época em que "alguns" diziam que eu xingava aluno de burro, de idiota. "Alguns" falavam que eu desprezava meus alunos. A melhor resposta, o tempo. Outra turma me escolheu para padrinho, mas não poderei aceitar por causa de uma turma que me escolheu primeiro.

Na condição de padrinho, vamos trabalhar. Convoquei o Conselho de Classe da turma para nós realizarmos uma atividade lúdica na escola por meio de uma Gincana do Conhecimento. Espero que meu colega de trabalho entenda que podemos criar uma outra forma de ensino-aprendizagem, basta ter paixão pela vida, pelos alunos, pela vontade inquieta de criar outras possibilidades. Estamos vivos. Só os mortos não se modificam.

Além disso, espero uniformizar ações do corpo docente em sala, falar a mesma língua.

Fotos de Selmo Melo














Em um primeiro momento, o fotógrafo Selmo apresentou uma piscina sem guarda-sol. Agora, além da piscina, duas caixas d'água. O local fica no centro de Rio Branco, na Avenida Brasil, ao lado de Centro Empresarial.

Selmo promete que na terceira vez irá fotografar os mosquitos.

quarta-feira, abril 16, 2008

Reconhecimento

A escola Heloísa Mourão Marques não é a mesma. Não se trata de adular a atual diretora - não sou disso -, mas de reconhecer que mudanças simples ocorreram, por exemplo, os alunos só saem de sala às 11h25. Nenhum professor os dispensa 20 minutos antes.

Hoje, há uma diretora que se faz presente na escola, cumpre seu horário e não entra com atestado médico para ficar em casa. Tenho fé que será assim até o final desta administração.

Na foto, um curso para mães de alunos. Depois, colocarei mais fotos e escreverei mais sobre essa iniciativa da atual gestão.

terça-feira, abril 15, 2008

Letralamento

Hoje, em uma aula sobre letramento, a professora afirmou que o aluno deve ter acesso a vários textos. Generalidades. Para quem se dedica à sala de aula, sabe que o aluno não pode ter acesso a vários textos. A questão essencial não é essa.

A professora disse, disse, disse, disse. Disse coisas que ouço há 20 anos, época de faculdade. A moda chegou ao Acre agora. É preciso ter muita paciência nessa hora.

Equanto isso, ocorre isto. Um professora de uma escola estadual pede aos alunos uma dissertação. Um copia a letra dos Irracionais, e a professora considera a melhor redação. "Nessa escola, não se aprende redação, porque o professor não dá", reclama a aluna.

Como o aluno não quis ser identificado (foto), o fato é que, mais uma vez, alunos do ensino médio reclamam de professores que não lecionam Redação.

segunda-feira, abril 14, 2008

sábado, abril 12, 2008

O PT que não desejamos

De Aldo Nascimento

Quando saí da Linha Amarela para entrar em Jacarepaguá, o carro parou sob o sinal vermelho. Foi quando uma criança ofereceu suas mercadorias à maioria dos brancos que dirige automóveis. No Rio de Janeiro, menores, muitos, tantos, vendem doces, balas, água, refrigerantes na Barra da Tijuca, em Ipanema, no Leblon – bairros dos ricos e dos brancos.

Quando o menor deixou três pacotes plásticos de bala no retrovisor, era uma tarde de 2 de fevereiro de 2008 e, no banco traseiro do carro, uma negra petista no jornal O Globo era manchete: Gastos com cartão derrubam ministra.

Nesse dia, dois negros em condições sociais bem opostas cruzaram meu destino: a então ministra da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro; e o vendedor ambulante Marcelo da Silva Rodrigues, de 9 anos.

Condições sociais bem opostas. Ela usa o cartão corporativo. Ele, o cartão do Programa Bolsa-Família. Mesma cor, a negra, porém o contraste permanece. Marcelo mora em uma nova senzala, a favela Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Matilde chegou à casa-grande, o Palácio do Planalto. Marcelo consome droga com a grana de vendedor de rua. Com o dinheiro público, Matilde consumiu, no dia 21 de junho de 2007, R$ 322,74 na Miski Rotisserie, restaurante de comida árabe no Jardim Paulista, em São Paulo. O lugar foi freqüentado por ela sete vezes no ano passado.

Em 31 de outubro a 5 de novembro de 2007, Matilde usou o cartão do bolsa-família, perdão, cartão corporativo para pagar R$ 2,6 mil pela locação de um veículo Astra luxuoso, sendo que entre os dias 1 a 4, feriadão de Finados, ela não tinha agenda em São Paulo. Antes, em 10 de outubro, ela tinha gastado R$ 460 no free shop.

Em 2007, o gasto mensal de Matilde foi de R$ 14,2 mil, 14 vezes mais que a média. No mesmo ano, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, teve uma despesa de R$ 2,4 mil. Em período igual, Matilde gastou R$ 171,5 mil por meio do cartão corporativo.

Certas mulheres nunca deveriam sair de casa. Minha mãe, dona Dilma Tavares do Nascimento, sempre preparou o almoço e a janta da família. Aos 66 anos, ela ainda usa avental quando lava os pratos e os enxuga. Mamãe é honesta. Matilde se alimenta em restaurante de comida árabe com dinheiro público. Muito longe da senzala, Matilde quis ser branca, gastar dinheiro igual a brancos ricos que usaram dinheiro público em proveito próprio. Matilde não é negra - é burguesa.

Se Marcelo foi picado uma vez pelo mosquito da dengue no Rio de Janeiro, a negra Matilde foi picada pela mosca azul em Brasília. Na pele da ex-ministra, cai bem, muito bem, o livro A Mosca azul – reflexões sobre o poder, de Frei Beto.

O militante de esquerda é vulnerável a erros. Erra-se movido pela presunção, pela arrogância, pela ambição desmesurada. Erra-se pela falta de contato direto com os que são a razão de ser de sua causa: os pobres. (...). Um militante de esquerda pode perder tudo – a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, enxovalha a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita (...).”

Cicleata

No dia 1 de maio, às 8 horas, na escola Heloísa Mourão Marques, haverá uma cicleata.

A finalidade é arrecadar alimento para os alunos mais necessitados. A direção escolar, por meio de um levantamento socioeconômico, saberá quem é mais carente. As sacolas serão entregues em domicílio.

sexta-feira, abril 11, 2008

Sabedoria popular

Foto de Selmo Melo.

Segundo Antônio Houaiss, a nova reforma ortográfica realizou-se por causa da fala popular e não por causa de leis da filologia.

O que admitimos como certo hoje pertence ao "erro da diacronia". O uso da preposição, por exemplo, é uma conseqüência desse erro. A preposição surge por causa do latim vulgar, usado pela plebe, pelos comerciantes, pelos soldados romanos.

Como afirmar que o "ocê" do mineiro pode ser um erro quando sabemos que a ortografia "você", dita como certa hoje, não passa do uso "errado" de Vossa Mercê?

A língua, saibamos, é formal, tradicional, mas também é desobediência, marginalidade.

quinta-feira, abril 10, 2008

Carro à gasolina ou a gasolina?

Um gramático afirma "a gasolina"; e outro, "à gasolina".

Para aquele, como não cabe artigo "o" antes de uma palavra masculina - por exemplo, carro ao álcool -, não cabe também artigo "a"; o "a", portanto, de "carro a gasolina" é só preposição "a".

Para este, "carro à gasolina" está correto, porque é carro movido "a", ou seja, preposição. Antes de gasolina, cabe artigo "a" - por exemplo, a gasolina acabou. Há, portanto, crase, isto é, a fusão entre preposição de movido "a" e o artigo de "a" gasolina acabou.

Amanhã, mais uma explicação sobre crase: à distância ou a distância?

Romerito Aquino, antes de carro a gás não há o cento grave, indicador do fenômeno da crase, porque gás é palavra masculina. Em sua matéria, eu retifiquei para a sua boa reputação.

quarta-feira, abril 09, 2008

Palpite de assessor de senador

Gente boa, alegre, seu único problema é dar palpite errado no trabalho dos outros, no caso, no meu. Nesta semana, depois que chegou de Brasília, passou pela Redação e resolveu rir de "internete" no jornal A TRIBUNA, sabendo que sou copidesque.

Romerito Aquino, veja primeiro seu "à gás", o seu "povos Kaxinawá" e Senado Federal. Sobre este último, não existe Senado Estadual e nem Senado Municipal. Coloque em suas matérias, por favor, somente Senado.

terça-feira, abril 08, 2008

Saúde pública

Foto de Selmo Melo


No centro de Rio Branco, a TRIBUNA fotografou carapanãs tomando banho. Se fosse em um país sério, haveria guarda-sol nesta piscina.

A Ida


Foto de Selmo Melo.

Sem noção.

A Volta


Foto de Selmo Melo.

Em Rio Branco, a natureza impõe sua ordem por meio de uma enchente.

Pai, perdoai, eles não sabem o que escrevem!

"Fico emocionado quando ousso esse tipo de comentários a respeito da competentíssima diretora do IAPEN Laura Okamura, como pode o Binho trazer alguem despreparado para o cargo? onde vidas estão sendo ceifadas, governador chegou ao limite, mude a direção desse sistema, ou o seu nome vai estar negativo perante a opinião pública."

O texto acima pertence a um acadêmico de Direito e mostraram-me essa maldição ou doença ortográfica no sítio wwwac24horas.com.br

Há outras perdições gramaticais, mas deixo esse "ousso" aos teus olhos. Ainda no sítio do AC 24 horas, "sub-promotor".

Quando há sub-, coloca-se o hifen antes da palavra que começar por "r" ou "b". O correto é subprocurador.

Não sei se a justiça é cega, mas esse acadêmico é. Exijo justiça ortográfica.

segunda-feira, abril 07, 2008

Bolsa-Ditadura


















Ziraldo, Menino Maluquinho, Saci, a turma toda
& Jaguar
serão indenizados por período militar

ALEXANDRE RODRIGUES & CLARISSA THOMÉ -
Agência Estado

RIO - Os jornalistas Ziraldo e Jaguar foram contemplados ontem com mais de R$ 1 milhão em indenizações pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, pelos alegados prejuízos que sofreram com a perseguição política durante o regime militar. O julgamento dos processos foi realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, juntamente com os de outros 18 jornalistas. "Aos que estão criticando, falando em bolsa-ditadura, estou me lixando. Esses críticos não tiveram a coragem de botar o dedo na ferida, enquanto eu não deixei de fazer minhas charges. Enquanto nós criticávamos o governo militar, eles tomavam cafezinho com Golbery", afirmou Ziraldo.

Entre os beneficiados também estava o jornalista Ricardo de Moraes Monteiro, chefe da assessoria de comunicação do Ministério da Fazenda, que receberá R$ 590 mil. Preso e torturado durante a ditadura, Monteiro alegou ter perdido o vínculo com a empresa onde atuava como jornalista por causa da perseguição política. "Sou de família comunista, meu pai foi preso em 1974. Meu irmão foi preso comigo em 1975 e depois se suicidou. Essa dor não vai ser reparada. Orgulho-me do que fiz. Quero homenagear os jornalistas que lutaram contra a ditadura", afirmou.

Já Ziraldo, escritor e chargista de sucesso, e o cartunista Jaguar, trabalhavam no Pasquim quando o semanário sofreu forte repressão por ser considerado ofensivo pela ditadura. Os dois receberão pensão mensal de cerca de R$ 4 mil. Jaguar e Ziraldo receberão ainda R$ 1.000.253,24. O montante, que será pago em parcelas, é retroativo a 1990, antes da criação da Comissão de Anistia, em 2001, porque os jornalistas já haviam feito o pedido, por meio da ABI, ao Ministério do Trabalho em 1990.
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Na fila de espera, há cerca de 30 mil pedidos do Programa Bolsa-Ditadura. Não escreverei sobre. Indico a leitura de Marcelo Tas.

Gramática de Blog

"Soube disso hoje, ao comparecer à sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre (Sinjac) (...)"

Não sei o porquê do blog do Altino Machado colocar essa vírgula solitária. Coloca-se hoje entre duas vírgulas ou sem elas. Pegou mal.

Agência Nacional do Acre

"Obras de 11 artistas plásticos serão expostas para apreciação de 8 às 20 horas com monitoramento dos professores. Os alunos chegam mais perto também da poesia de Mário Quintana, de sessões de cinema acreano e nacional, assistem ao espetáculo Manuela e o boto, ouvem histórias e músicas regionais. "Tudo isso num só pacote", explica a realizadora do projeto Maria Rita Costa da Silva."

Se questões elementares de gramática fossem bem menores em nossas redações, poderia haver um outro modelo de texto. Enquanto isso se irrealiza, vírgula, crase, caixa-alta, presença constante na Agência Nacional de Notícia.

1. De 8 às 20 horas - Não se coloca o acento grave que indica o fenômeno da crase. Coloca-se quando ocorre "das 8 às 20 horas". O correto é "de 8 a 20 horas".

2. Realizadora do projeto Maria - Nesse caso, coloca-se vírgula antes de Maria.

Responsável pela produção textual do governo estadual, Oly bem que poderia mudar esse quadro gramatical.

Aldeia FM

No Rio de Janeiro, sempre ouço a rádio JB. No Acre, sempre ouço Aldeia FM. Inteligente, ela transmite a pluralidade do bom gosto.

Como não há aqueles comerciais incômodos para manter R$, Aldeia FM sabe fazer uso de sua liberdade musical sem patrocinadores.

Os caras estão de parabéns!!!

sábado, abril 05, 2008

Forte São Luís, Niterói




Ainda Bem






Vanessa Da Mata
Composição: Liminha/Vanessa da Mata

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque se não
Como seria esta vida?

Sei lá, sei lá

Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto de amar, de amar
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar

As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

O uso do "não"

Quando usar não- antes de um palavra? Celso Pedro Luft indica um caminho em seu livro Grande Manual de Ortografia Globo.

Se escrevo ametal, é possível não-metal; se escrevo insaturado, é possível não-saturado; se escrevo assimétrico, é possível não-simétrico; se escrevo inexistência, é possível não-ser; se escrevo incoformista, é possível não-conformista.

Em seus exemplos, se é possível colocar um prefixo de negação (in-, des-, a-), coloca-se não- ou sem- antes.

Selecionar alunos

Deveria haver um prova para selecionar os alunos e, dessa forma, formar turmas conforme o grau de aprendizado de cada um.

Mas, se a escola não seleciona, isto é, se mistura alunos com rendimentos tão opostos, o Enem seleciona. Evita-se na escola o que a realidade impõe.

Leia a matéria.
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A lista do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem ) de 2007 traz apenas duas escolas públicas: os colégios de aplicação da UFV e da UFRJ. Ligadas a universidades federais, as duas instituições aplicam provas para selecionar os estudantes para as suas "ilhas de excelência".

No Coluni, o colégio de aplicação da UFV (Universidade Federal de Viçosa), de Minas Gerais, anualmente, uma média de 1.490 alunos que terminam o ensino fundamental disputa as 150 vagas oferecidas para cursar o ensino médio na instituição.

As melhores públicas do Enem

Rio de Janeiro - Aplicação da UFRJ - 79.63
Viçosa (MG) - Aplicação da UFV - 79,30
Recife - Aplicação da UFPE - 77,47
Curitiba - UTFPR - 76.71
Rio de Janeiro - Aplicação da Uerj - 76.25
São Paulo - Cefet-SP - 75,93
Rio de Janeiro - Cefet Celso Suckow - 75,78
Rio de Janeiro - Colégio Militar do RJ - 75.61
Curitiba - Colégio Militar de Curitiba - 75.60
São Paulo -Etesp - 75.56
Acre - Colégio de Aplicação - 59.21

Esse vestibular precoce, o "vestibulinho" - nos moldes dos exames de seleção aplicados por universidades, com questões discursivas, objetivas e redação -, é apontado pela instituição como um dos motivos do bom desempenho da instituição.

"Os alunos que entram querem aprender e por isso se saem bem", diz Catarina Greco Alves, orientadora educacional do Coluni.

Segundo Alves, 63,75% dos alunos da escola, gratuita, fizeram ensino fundamental em colégios particulares.

Sorte

Na escola de aplicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a seleção é feita com prova e sorteio, dependendo da série. Em 2007, 1.241 jovens inscreveram-se para a seleção das 30 vagas oferecidas pela escola de aplicação no ensino médio. A concorrência de 41,37 candidatos por vaga é maior do que a enfrentada pelos candidatos a uma vaga de medicina em 2008 na UFRJ (27,58).

Depois de fazerem teste de português e matemática, os alunos que acertam pelo menos a metade de cada um dos testes vão a sorteio decidir quem consegue uma das vagas no ensino médio.

No ensino fundamental, as crianças são selecionadas apenas por sorteio. A seleção aleatória, para Celina Costa, diretora geral do colégio, contribui para a diversidade socioeconômica dos alunos.

"Na escola particular, estuda a classe média; nas públicas, geralmente, as classes menos favorecidas; aqui, o garoto da favela estuda com o menino da Barra da Tijuca", disse Costa.Para a explicar o bom desempenho dos alunos no Enem, a diretora diz que "não tem fórmula mágica".

"Damos aula, com giz e lousa. Quando não temos retroprojetor, utilizamos cartolina, canetinha e fazemos cartazes", disse Costa."Temos um corpo docente estável e qualificado (a maioria é de mestres e doutores), que tem plano de carreira e incentivos para permanecer na instituição", disse.

sexta-feira, abril 04, 2008

Blog aberto a Josenir Calixto

Prezado Calixto,

Não defendo meus ideais políticos conforme a direção do vento e muito menos adulo o poder para receber algumas migalhas de simpatia. Defendo o atual grupo político - o mesmo a que tu pertences -, mas não defendo sem uma crítica propositiva.

O PC do B, teu partido, administra o ensino médio há anos com funcionários da Secretaria da Educação. Não desejamos uma secretaria antes da Frente Popular. Os tempos são bem melhores, incomparáveis.

Mas, na condição de homens de esquerda, desejamos sempre o melhor, sempre. Os números do Enem de 2007, no entanto, não são os melhores. Na condição de professor da rede estadual há 11 anos, sempre me deparei com um cotidiano escolar que se negou a qualificar o ensino público por causa de gestões mal-escolhidas por meio de um processo democrático equivocado.

O PC do B, administrando o ensino médio, não quis até hoje refletir com o corpo docente os entraves da democracia escolar. Maioria na Assembléia Legislativa, a Frente Popular não busca debates para aprimorar essa democracia, como se não precisasse ser qualificada.

Acredito que os bons números de escolas particulares relacionam-se também à gestão. Como bem afirmou a diretora pedagógica da escola particular Lato Sensu, Cleide de Assis, "a receita do sucesso tem três palavras: disciplina, compromisso e família".

Leciono há cinco anos na escola Heloísa Mourão Marques e, somente agora, com a atual gestão, percebemos um escola melhor. Só agora. Como conseguir qualidade quando o professor é submetido a gestões que deixam a desejar?

Sabe, Calixto, é preciso criar nas escolas os conselhos de disciplina; é preciso que o corpo docente vote em seus coordenadores a partir de méritos bem definidos; é preciso que o professor seja avaliado por seus alunos; é preciso que os gestores sejam avaliados pelos segmentos da escola; é preciso que o professor acompanhe sua turma do primeiro até o terceiro ano; é preciso...

Sabe, Calixto, o momento é único na história do Acre. Não creio na oposição para debater idéias. Só a Frente Popular tem condições para isso, mas, para tanto, precisa receber críticas propositivas, não adulações.

quinta-feira, abril 03, 2008

Ranking do Enem de 2007 (Rio Branco)

Saiu o resultado do Enem de 2007. Entre as escolas públicas da capital acreana, Rodrigues Leite se manteve em primeiro lugar. Com as particulares, o Meta perdeu para o Lato Sensu.

O bom resultado ocorreu com a escola Heloísa Mourão Marques, ocupando a terceira colocação entre as escolas públicas.

Ranking -Redação e Prova Objetiva

1. Lato Sensu - 68.07 (particular)
2. Meta - 64.08 (particular)
3. Plácido de Castro - 63.96 (particular)
4. Instituto Imaculada Conceição - 61.26 (particular)
5. Colégio de Aplicação - 59.21 (federal)
6. José Rodrigues Leite - 53.74 (estadual)
7. Leôncio de Carvalho - 50.85 (estadual)
8. Bradesco - 50.24 (particular)
9. Heloísa Mourão Marques - 48.97 (estadual)
10. Armando Nogueira - 48.33
11. Cerb - 48.13
12. Glória Perez - 48.02
13. Henrique Lima - 47.67
14. Lourival Pinho - 46.97
15. Lourenço Filho - 46.58
16. Alcimar Leitão - 46.53
17. José Ribamar Batista - 46.50
18. João Batista Aguiar - 45.98
19. Lourival Sombra Pereira - 44.98
20. Humberto Soares de Costa - 44.54
21. Luiz Carneiro Dantas - 44.37
22. Berta Vieira de Andrade -43.18

O copisdesque e o repórter

Nesses dias, um jornalista envaideceu-se ao afirmar que elogiaram sua matéria. "Mas eu tenho parte nisso", disse-lhe. Ele, por sua vez, afirmou que minha obrigação é corrigir. Mas, ainda sim, mesmo sendo obrigado - e isso é óbvio -, sou co-autor de sua matéria, porque, sem uma revisão básica, a matéria não seria publicada.

O texto, portanto, não pertence a ele, mas a nós dois. Infelizmente, como só tenho que me limitar a questões básicas de gramática, a maioria dos jornalista ignora outro paradigma textual.

Texto é algo mais profundo do que gramática, do que organização interna. Na Faculdade de Jornalismo, deveria haver aula de Teoria Literária para possibilitar outra compreensão de texto jornalístico.

Texto do jornalista

"O veículo era dirigido pelo funcionário da empresa Carlos Eduardo Alexandre, que vinha sendo monitorado pelos federais há meses."

Veículo ou Carlos era monitorado? A princípio, por estar perto, "que" substitui Carlos. Melhor, no entanto, colocar "quem", porque se relaciona à pessoa e "que" se relaciona a objetos, a coisas, a animais.

"O veículo era dirigido pelo funcionário da empresa Carlos Eduardo Alexandre, quem vinha sendo monitorado pelos federais há meses."

quarta-feira, abril 02, 2008

Disse-me-disse











A Secretaria de Educação do Acre realiza um encontro entre professores sobre letramento e, dos quatro dias, participei somente de um, porque meu tempo, reduzido por outro trabalho, impediu.

Ainda sim, expressei minha razão sobre leitura e produção textual nas escolas públicas. Afirmei que não pode haver qualidade de ensino sem haver, também, escolas bem administradas e isso implica um novo processo eleitoral na escola.

Por exemplo, pela primeira vez no Estado, entre todas as escolas públicas, a Heloísa Mourão Marques permitiu, por causa da professora-gestora Osmarina, que funcionários de apoio escolhessem seu diretor-administrativo. Os professores escolheram seu coordenador pedagógico, mas foi vetado por questão legislativa do Estado. A lei precisa ser aprimorada.

Desde 2003 na escola, sempre fui claro em minhas colocações, atraindo pessoas simpáticas e antipáticas a minhas razões. Normal.

Pois bem, no único dia de letramento, uma professora da escola Heloísa Mourão Marques, período da tarde, ouvi-me e interpretou minhas palavras segundo suas intenções. Ela disse que eu falei contra a Coordenação de Pedagogia da Heloísa Mourão Marques. O nome dela, Carmem, professora de Língua Espanhola.

Seria bom haver uma reparação diante da coordenação.

Só uma observação. Leciono na escola há cinco anos e pessoas que hoje estão na Coordenação de Ensino passaram por péssimos momentos comigo nessa unidade de ensino. Jamais falei contra elas, professoras Izanilde e Ozélia.

Agora que nós votamos em uma professora para gestora, que é Osmarina, pessoa por quem lutamos no processo eleitoral; agora que a escola toma rumos sérios, melhores, éticos, por que, justo neste momento, eu falaria de pessoas com quem sempre me relacionei bem?

Posso ser antipático, por ser intolerante, por ser exaltado, veemente, mas não sou burro, não assisto à novela Duas Caras.

terça-feira, abril 01, 2008

Marcelo Tas

Finalmente, a inteligência de Marcelo Tas retornou à TV. Existe vida inteligente na televisão, e ela não se encontra no programa do Serginho Groisman,


mas no CQC,
da
Bandeirante.



Quem sabe, meu caro, cria. Quem não sabe, meu caro, reproduz, copia. Jornalismo que muitos não compreendem.

Henrique Afonso e o homossexualismo

Palavras do deputado.

"A Igreja precisa reagir sempre que sentir que sua liberdade está sendo cerceada. Não devemos nos calar ou fazer concessões diante daquilo que temos certeza que é pecado e que desagrada ao Todo Poderoso. Quero inclusive citar um fator recente. Em Brasília, dias antes da celebração da Semana Santa, começou a ser exibida uma peça teatral sob o título “Nunca Fui Santo”. Durante a encenação, os atores usavam a Bíblia Sagrada para mostrar cenas de masturbação, contavam piadas, usando o nome do Senhor Jesus Cristo, e zombavam dos objetos de culto da Igreja Católica, como o cálice e a hóstia. Ao tomar conhecimento deste fato, reagi, fui à Tribuna da Câmara dos Deputados e protestei e agora estou incentivado e apoiando uma senhora católica, residente em Brasília, que tem 82 anos de idade, e que teve a coragem de ir a uma Delegacia de Polícia e registrar um boletim de ocorrência contra os atores e produtores daquela peça teatral. E assim acho que devemos agir. Não podemos permitir que o nome do Senhor Jesus seja envergonhado. Temos a obrigação, como cristãos, de manifestar nossa posição e sair em defesa da fé. Mesmo que tenhamos que pagar algum preço, não devemos nos intimidar nunca. Por exemplo: todos já devem saber que estou sendo ameaçado de ser expulso de meu partido, o PT, por me manifestar contra o PLC 122/2006 e por estar liderando uma campanha nacional contra a legalização do aborto no Brasil, temas que como membro de PT deveria estar a favor. E neste sentido conto com o apoio e as orações do povo de Deus no Brasil."
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Admiro muito a postura não do petista, mas do pastor Henrique Afonso. Por um lado, ele tem razão quando afirma, com outras palavras, que o sagrado deve ser preservado. E há uma tendência em curso que deseja violar o sagrado.

Isso ocorreu, por exemplo, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. Asssiti a manifestações artísticas de homossexuais e, em uma delas, havia, na condição de arte, um crucifixo em formato de pênis. A Igreja indignou-se. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, defendeu a liberdade de expressão.

Em outro caso, em Israel, a parada gay quis desfilar por Jerusalém, pelos caminhos por que Jesus passou com a cruz. O Estado de Israel colocou policiais nas ruas e proibiu.

Por outro lado, há homossexuais sóbrios, lúcidos, pessoas com um caráter exemplar. Inteligentes, cultos, vivem sua sexualidade sem haver o exibicionismo do corpo, sem haver o excesso no espaço público.

Mário de Andrade foi homossexual. Foucault. Barthes. Oscar Wilde. A lista é imensa, mas uma lista nenhum pouco vulgar, chula - homossexuais que souberam separar o profano do sagrado.

Ex-aluno do vereador Márcio Batista

O autor que teceu críticas ao vereador Márcio Batista, seu ex-aluno, é Francisco Rodrigues Pedrosa. Sobre ele, escreverei após seu texto.
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A PONTE ESTAVA QUEBRADA

O ano de 1996 foi marcado por algumas ironias e tragédia no Brasil. No futebol, o país se desencantava com uma Seleção de craques carregados de dólares, mas desprovida de força e coragem para bater uma sorridente e simples Nigéria. O sonho olímpico virou pesadelo. Na política, o plano real dividia a audiência com o ET de Varginha. Ninguém sabia ao certo qual dos dois era mais confiável.

Na sociedade, amargávamos um triste desfile de violência e corrupção que tinha o Rio de Janeiro como modelo, um perfeito “abre alas” guiado e guiando o país inteiro ao caos. O Cristo teimava em não erguer os braços.

Na educação, um rapaz da escola Heloísa Mourão Marques concluía o antigo “segundo grau”, desorientado e perguntando se servia para ele a frase do Raul Seixas: “por que foi tao fácil conseguir e agora eu me pergunto e daí?”.

Eram tempos escuros. Concluí o “ano” tendo três professores de Matemática, três de Física e dois de Química. As notas dos bimestres foram obtidas com trabalhos que tinha como “competências e habilidades” estimular a compreensão e o raciocínio do aluno. O magistério já era um mero “bico” para o chope do fim de semana.

A fraqueza teórica e pedagógica era a marca de um ensino público pobre e descompromissado. Faculdade, vestibular, curso superior ou qualquer palavra desse feitio eram desconhecidos pela grande maioria dos alunos.

Confesso por tudo que é mais sagrado no mundo que não me lembro de ter ouvido de algum professor que existia vida fora do planeta escola. Nenhuma orientação, nenhuma voz que ajudasse um grupo de indecisos a entender os caminhos do mundo. Éramos convencidos a repetir o famigerado jargão: “já tenho o seguindo grau completo”.

Da turma que saí, fui uma das poucas exceções a chegar a uma faculdade pública. Cursei História. Dois motivos me levaram a isso: o primeiro o amor eterno que tenho por essa disciplina; o segundo porque sabia das minhas enormes limitações escolares advindas da má formação que tive e da minha conseqüente irresponsabilidade.

Hoje, percebo o quanto as coisas mudaram, ao ver o HMM preocupado em fornecer subsídios para os alunos que almejam um curso superior, oferecendo um pré-vestibular noturno de qualidade. Agora temos mais professores compromissados com o futuro de seus alunos que não tem medo de expor quem é e o que sabe.

Ampliamos aquela frase da Secretaria de Educação, tão repetida naquelas reuniões agonizantes que ocorriam na escola aos sábados; “a escola deve preparar o aluno para a vida”.

Fazer uma faculdade faz parte da vida da pessoa, concurso público, também. Fugir do imediatismo barato não é privar o aluno de suas necessidades mais prementes. Precisamos correr! As estatísticas mostram o tamanho do hiato entre o ensino publico e o privado. A escola está no caminho certo. Uma nova geração de educadores junta-se àqueles que, há tempos, identificaram que a ponte estava quebrada.
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FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA é formado em História e formando em Direito pela UFAC. O resto, meu velho, você sabe. Ah! por favor, se puder, dê uma olhada nos erros da língua que me pariu. Valeu, Aldo, um abraço!
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Gosto da amizade entre mim e Francisco, porque o cara incomoda. Trata-se de um acreano que sabe criticar, que sabe tecer autocrítica. Cabra muito bom.

segunda-feira, março 31, 2008

Uma crítica ao vereador Márcio Batista

O texto abaixo não foi escrito por mim, mas por um professor de História, ex-aluno do atual vereador Márcio Batista, do PC do B. Ele postou esta mensagem neste blog depois que o professor-vereador Márcio Batista chamou a oposição de "incivilizada" por ela ter distribuído pizza na Câmara de Vereadores de Rio Branco.

Quando o golpe militar faz 44 anos, este texto veste muito bem o que ocorreu entre os vereadores.

O NÁUFRGO E O AFOGADOO

Acre não tem oposição, tem opositores!

Há tempos que essa máxima invade nossas bocas. Aqui, no Acre, as experiências históricas mostram claramente que as conveniências miúdas e os interesses particulares fizeram bem mais que as gargantas inflamadas e arranhadas de algumas “lendas públicas”.

Intermitentes “marginalidades políticas”! Nos últimos dias, os opositores dos ex-opositores denunciaram os desmandos do Executivo Municipal ao relatarem que o transporte coletivo urbano está monopolizado.

O povo, sem usar a expressão de Aristides Lobos: “assistiu àquilo bestializado”, viu no episódio alguma coisa que confirmasse a certeza do péssimo serviço de transporte disponível.

Assim caminhamos!

O protesto dos opositores dos ex-opositores fez o líder do prefeito utilizar um termo por demais curioso. Entre pizzas e marmeladas, Márcio Batista chamou-os de “incivilizados”.

A particularidade do termo não se deve ao neologismo em si. Aliás, os dicionários qualquer dia irão adotá-lo - (É sempre assim!). A estranheza vem de onde o termo saiu. O preconceituoso adjetivo foi proferido por quem pertence a um partido que até pouco tempo era conhecido pela forma mirabolante de mudar o mundo.

Quem não se lembra dos planejamentos “made in Moscou” de pegar em armar e destruir a burguesia tapuia, conivente com a ordem financeira internacional e com os desideratos capitalistas de primeira ordem? Quem não se lembra do culto a um dos maiores assassinos da história humana, nomeadamente o georgiano Josef Stalin? Quem não se lembra dos protestos “civilizados” que faziam nos movimentos sindicais? Cuba e Albânia já não são mais o “Édem” comunista!

O PCdo B joga para debaixo do tapete o que restou de uma geração que juntava dinheiro para comprar uma camisa do “Tchê”, achava Enver Hoxha o maior administrador da terra e que torcia para o mundo vermelho mostrar sua superioridade nos Jogos Olímpicos (Não falemos dos escândalos de “Dopping” e sua indústria de fazer super-atletas).

Tive a honra de ter como professor de História, na escola Heloísa Mourão Marques, o elegante líder. Suas aulas eram contagiantes. O professor Marcio tinha um charme inconfundível ao falar dos esquemas financeiros mundiais, dos males do capitalismo e dos remédios heróicos de derrotá-lo. Emocionava-se e nos emocionava.

Nos corredores ou nos términos das aulas era comum sempre continuarmos os debates. Quantas vezes não o ouvi dizer que tínhamos um povo extremamente tímido, que não sabia protestar e de que a violência era um “mal necessário”, se caso quiséssemos efetivamente transpor a opressora conjuntura?

Tamanha foi a identificação com o que dizia, que este que escreve e mais alguns outros da sala de aula resolveram percorrer a academia de História, queriam compreender os códigos viabilizadores de uma possível transformação social. Nossa! Hoje um simples protesto, contrário à cartilha vermelha, recebe o nome de “incivilização”.

Não quero aqui dizer que não podemos mudar nossas opiniões, seria um absurdo pensar assim. Vejam Plutão! Passaram setenta anos afirmando ser ele um planeta. Não desejaria que o PC do B voltasse a cogitar o mundo sobre a ótica lunática de Fidel, tampouco utilizasse as fantasias de Regis Debray. Nossa experiência democrática está em plena construção.

Faço voto para que esse partido e os demais naturalizem em seus vocabulários a noção plena de democracia. A diferença, a discordância e os demais elementos que demonstram divergência precisam ser compreendidos. Pode ser que nem um nem outro adquiriram tal conceito. Uns porque sustentaram os longos anos de “ditadura Militar”, outros porque pretendiam destruí-la instalando outra.
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O autor deste texto não quis se identificar. É professor de História e foi aluno do atual vereador Márcio Batista.

sábado, março 29, 2008

Um acreano

Um juízo de valor sobre uma região depende de pessoas, não apenas de uma noção genérica de povo ou de sociedade. Um lugar é também individualidade. Meu amigo há 16 anos, tenho por João Bosco um respeito profundo e uma admiração sincera e leal, porque esse acreano de Xapuri nunca se submeteu à cirurgia plática para ter duas caras.

Quem o chamaria de canalha? quem afirmaria que ele é cínico? quem prova suas traições, suas falsidades? quem o queimaria?

Conheço alguns, gente que bajula poder e que adula a confortável aparência de sorrir para todos.

Professor dedicado, ser humano inquieto, o Acre tem muito valor para mim, porque, nesta tranqüila terra, conheci pessoas como João.

Senhor de uma escrita hábil, esgrimista das palavras e das sintaxes, João é um nobre em um mundo desencantado pela vulgaridade e pela ignorância.

A Secretaria da Educação acertou ao colocar esse profissional entre suas quatro paredes, porque esse cara sabe o que diz sobre língua portuguesa, além, é claro, de possuir um caráter inadequado aos medíocres.

Vida longa, meu amigo!!!

Gramática de Blog

Além de Ronda Gramatical e de Açeçôr di Inprençá, este espaço comentará sobre língua portuguesa em Gramática de Blog. O primeiro, ele: blog do Léo.

1. "Pelo jeito, esses meninos não têm nem bolsa nem escola. Falta menos de três anos para o governador Binho Marques transformar o Acre no melhor lugar para se viver. Desse jeito, será difícil."

2. "Esse julgamento havia sido interrompido por um pedido de vista do ministro Massami Uyeda. Até agora, dois ministros votaram ao contrário e um favorável. Por enquanto, a união entre homossexual é reconhecida sob o aspecto patrimonial."
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Vírgula azul, ele não colocou a vírgula. Vírgula vermelha, ele colocou a vírgula.

Para quem deseja expor sua escrita por meio de um blog, deve errar pouco, porque, se errar muito, revela que ignora seu ofício, este: escrever bem. No caso desse blog, Léo não sabe usar bem as vírgulas. Vacila muito.

"Dois ministros votaram ao contrário e um favorável." Vamos desmembrar:

1. Dois ministros votaram ao contrário; e
2. Um (ministro votou) favorável.

Em (1), há preposição "a" e, em (2), não há preposição. Deveria ter mantido uma simetria e, além disso, não soube usa a vírgula.

Melhor construção sintática é "dois ministros votaram contra e um, a favor". A vírgula deve ser mantida, porque o verbo (e um votou) foi retirado.

sexta-feira, março 28, 2008

Letramento


Nesta semana, a Secretaria de Educação do Acre iniciou a primeira etapa de letramento para os professores, que, usando outras palavras, quer dizer leitura e escrita para o ensino médio.

Não sei se adianta, mas são quase 20 anos lecionando Língua Portuguesa e Literatura, 16 dedicados ao Acre. Ouço há algum tempo que leitura e escrita dependem da sala de aula, ou seja, do professor. Trata-se de um erro.

O que ocorre em uma sala é extensão da gestão escolar. O diretor pode permanecer ausente sem que o corpo docente lute por qualidade de ensino. Como ele não cobra, como ele não é exemplo, tudo corre solto ou matém aparência de funcionamento.

Nossas escolas dependem de alguns que administram de forma séria e ética a escola, mas isso não é regra. Não há no sistema de ensino um modelo eficiente de gestão pública. Não pode haver qualidade enquanto não houver ótima administração.

A ação ensino-aprendizagem depende de organização escolar eficiente. Em outras palavras, não se qualifica o ensino sem uma nova estrutura. Como diz Bourdieu, estrutura implica relações humanas.

Na escola Heloísa Mourão Marques, coloquei a importância dos conselhos de disciplinas desde 2003 e, somente com a atual gestora, tornou-se uma realidade. Em literatura, conflitos bem específicos existem por causa de um espaço específico, o Conselho de Literatura.

Nesse microespaço, professores discordaram sobre história da literatura. Uns defendem a leitura de textos literários em sala de aula, mas outros não defendem. Ora, segundo minhas leituras, o historicismo literário implica a exclusão da leitura de romance, de poesias.

Sendo assim, como falar sobre letramento?

A revolução faltou ao encontro

No centro de Rio Branco, encontrei-me com um ex-aluno do atual vereador Márcio Batista (PC do B). "Fiquei decepcionado com o Márcio, porque ele chamou a oposição de incivilizada". O ex-aluno referia-se à distribuição de pizza. E continuou. "Quando professor, ele dizia que precisávamos parar os ônibus, a cidade. Hoje, ele chama a oposição de incivilizada, porque deu pizza na Câmara de Vereadores como forma de ironia."

Ele me disse que enviaria um texto a este blog. Estou à espera.

A foto!? Sim, dele: Selmo Melo, da TRIBUNA.

Ronda Gramatical

O Sinteac, quando se propõe a escrever, agride a língua portuguesa. Neste blog, outros cartazes do Sindicato dos Trabalhadores da (e não em) Educação expõem sua luta, que é maltratar a LÍNGUA.
Na foto, além de outros erros, começo a entender de o porquê do Sinteac não "paralizar" a categoria. O Sinteac precisa retornar à escola.

quinta-feira, março 27, 2008

Xuxa, maior educadora do país








Em seu programa muito educativo, o entrevistado Leonardo mostra a importância de seu cérebro aos jovens.

A maior pedagoga do Brasil














Referência para milhões de baixinhos, Xuxa é muito bem desmistificada no livro O Cabaré das Crianças, de Gilberto Felisberto Vasconcellos, editora Espaço e Tempo.

quarta-feira, março 26, 2008

Da repórter Angélica Paiva












"
O quadro operacional
da Polícia Militar contém
distorções neoliberais
."

Às vezes, quando posso, minha paciência tibetana ouve textos de alguns repórteres televisivos.

Confesso que a repórter Angélica Paiva surpreende-me em certos momentos. Ela foge a padrões, mas nem sempre sua pessoalidade textual acerta, por exemplo, "distorções neoliberais".

Influência comunista? Espero que a camarada repense alguns conceitos em sua suas matérias. Como exemplo, sugiro os textos da charmosa repórter Neide Duarte (foto). Aprecio muito sua forma por causa da pessoalidade. Suas matérias não se submetem ao fato objetivo, porque ela sabe muito bem dosar elementos poéticos.

Ganhadora de inúmeros prêmios nacionais, Neide surpreende com sua subjetividade textual na justa medida.

PMDB & DEM

Folha de São Paulo






A gestão de Cesar Maia não informou o orçamento de 2007 e 2008; já o governo de Sérgio Cabral aplicou apenas R$ 704 mil neste ano

RAPHAEL GOMIDEDA
SUCURSAL DO RIO

O governo Sérgio Cabral (PMDB) reduziu em 48,6% (R$ 19,2 milhões) a previsão de gastos em prevenção e combate à dengue para este ano no Rio. Passou de R$ 39,5 milhões (valores atualizados) em 2007 para R$ 20,3 milhões em 2008.

A prefeitura de Cesar Maia (DEM) não planejou nenhuma ação direta ou programa de trabalho específico contra a dengue no Orçamento de 2007, embora tenha previsto R$ 37 milhões para "ações indiretas".

Dos R$ 20,3 milhões orçados para 2008, o Estado aplicou só R$ 704 mil na área até 24 de março -na fase crítica da epidemia, que já matou 49 pessoas. Isso equivale a 3,5% do previsto. Mantido esse ritmo, até o fim do ano 14% da verba terá sido aplicada. Tanto o Estado quanto o município do Rio reduziram os valores aplicados no controle da dengue nos últimos anos.

No Estado, desde 2004, foram cortadas as verbas de "vigilância epidemiológica (de doenças)" e "vigilância em saúde", de R$ 45,6 milhões (valores corrigidos pelo IGP-M) para R$ 39,5 milhões (2007). O montante liquidado pela prefeitura caiu de R$ 48,2 milhões (2003) para R$ 23,9 milhões (2006), em valores atualizados. A prefeitura não revelou os gastos de 2007 e os de 2008.

O vereador Carlos Eduardo (PSB) entrou com representação ontem no Ministério Público contra o prefeito Cesar Maia por "desvio de finalidade". Maia, disse ele, aplicou em outros programas uma verba do Ministério da Saúde destinada ao setor de vetores (transmissores de doenças, como o mosquito da dengue, por exemplo).

O vereador diz que Maia desviou mais da metade da verba de R$ 12 milhões destinada em 2006 ao combate à dengue - para ações de repressão à doença - na locação de ambulâncias e na limpeza de hospitais. O prefeito não comentou.
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Se os números estiverem corretos, PMDB e DEM (ex-PFL) são os únicos responsáveis pelas mortes ocorridas no Rio de Janeiro. Espero que tais partidos jamais administrem o Acre, porque estamos muito bem sem eles.

Ele, Antônio, o Carlos


"Em seguida com um dos assaltantes no volante, dirigiram-se á Estrada do Amapá, já que a vítima mesmo com o rosto encoberto conseguiu ver quando passava pela terceira ponte e entrava na Via Verde."

O cara era paranormal.

Esses repórteres...

"As instituições responsáveis buscam junto às comunidades, que vivem dentro ou próximas as APA’s, parceiras para a preservação e ( ) proteção das unidades."

1. "Junto à" é "perto das" - Nossos jornalistas abusam. As instituições buscam "perto das" comunidades? Não. Elas buscam "com as" comunidades.

2. , que - Nesse caso, há vírgula antes de "que"?. Não são todas as comunidades, mas somente as que vivem dentro ou próximas. Não há vírgula.

3. Chega.

terça-feira, março 25, 2008

Eu & Maria

Hoje, à Maria, apresentei alguns problemas redacionais dos alunos do primeiro ano do ensino médio e que se repetem nos textos dos alunos do segundo e do terceiro ano.

Em suas introduções, há muita presença dos verbos "ser", "estar", "ter", por exemplo, e insistente presença incomoda-me, porque pertence a uma regra viciada, fácil.

Além de eles usarem dicionário em sala, precisamos criar exercícios específicos para uso adequado dos verbos, massificá-los. Sugeri à professora de Leitura-Literatura dez introduções bem escritas, mas sem os verbos e, uma vez compreendidos os textos, encontrar os verbos apropriados a partir de relações internas da introdução.

Esse material didático precisa ser criado por nós.

A Língua

Na escola Heloísa Mourão Marques, a professora-gestora Osmarina popôs a divisão de Língua Portuguesa e de Literatura. Para esta, Leitura e Literatura; e, para aquela, Produção Textual e Gramática.

A princípio, números surgiram, porque eu lecionaria para quatro turmas, 160 alunos, e não mais para duas, 80 alunos. Concordei por este motivo: uma experiência nova.

Por um lado, mesmo com mais alunos, eu me dedicaria a duas disciplinas, havendo mais tempo para elaborar material. Não se trata de mudar grade curricular, mas de alterar a forma. Por esse caminho, haveria, em tese, uma relação pedagógica entre o professor de Literatura-Leitura e o professor de Produção Textual-Gramática.

Entretanto, infelizmente, não foi assim que a Secretaria de Educação compreendeu. Segundo me informaram, esse caminho deverá ser rejeitado no próximo semestre.

Nossa Escrita (não é assim)



A Secretaria de Estado de Educação do Acre publica um informativo bimestral com ótima diagramação, mas, na capa do informativo de fevereiro-março deste ano, a imagem da língua portuguesa foi arranhada.

"Professora, Lenilda Soares, trafega em áreas de difícil acesso, e chega a passar 15 dias distante da família."

Quando meus alunos me perguntam se existe uma forma correta de falar, eu digo que não há, porque, caso existisse, o "ocê", que pertence à fala do mineiro, seria um erro. A gíria seria outro erro.

A língua, sabemos, é também marginal, desobediente, dependendo da situação.

Ora, para quem se dedica ao estudo da língua portuguesa, sabe que a preposição é conseqüência do "erro" popular, do latim vulgar, de sua desobediência.

A preposição surge do genitivo do latim clássico, negado pelo falar "errado" da população comum.

Entretanto, quando se trata de instituição, a gramática tradicional deve ser seguida à risca. Uma secretaria de educação deve escrever de forma exemplar. O uso errado de vírgula no informativo não pode ocorrer.

Informativo é mais que aparência, e a língua portuguesa, uma vez a serviço de uma instituição, deve sempre passar uma ótima imagem.

segunda-feira, março 24, 2008

Esses repórteres...

"Alguns funcionários da área de saúde também falaram sobre os riscos, os sintomas e a importância do tratamento para a população presente no local. No local, também foi disponibilizado um telescópio para que a população pudesse ver o bacilo de Koch, bactéria que causa a tuberculose."

Se não fosse a editora-chefe, o revisor teria deixado passar. Meu cérebro, confesso, não tem capacidade de corrigir o que nos assusta, o que nos surpreende e o que insulta a língua portuguesa no jornal.

Isso quer dizer que a população verá o bacilo na lua por meio de um telescópio. Esta a função do revisor: apagar a vergonha de quem escreve.

Obrigado, editora-chefe!!!

PMDB

DE Garotinho a Rosinha, o Rio de Janeiro submeteu-se há 12 anos da administração do PMDB. Cabral, outro modelo de PMDB, foi picado pelos mosquitos da dengue e ainda terá que solucionar uma problema gravíssimo na educação estadual - segundo o jornal O Globo, faltam 26 mil professores . Eis o legado da família Garotinho.

Para os professores que lecionam, Cabral deu a eles notebooks, cada um custou para o Estado R$ 1.903. Dos cofres, saíram R$ 70 milhões para o projeto. As máquinas são equipadas com placa de acesso à web sem fio. Cada educador recebeu um CD de ensino a distância com quatro módulos.

Segundo a secretária de Educação, Tereza Porto, os professores poderão levar os computadores para casa. Ironia: temos tecnologia, mas não há professores.

quarta-feira, março 19, 2008

Semana Profana 2

O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais contra Deus?

Ela ainda sorri.

Foto de Selmo Melo, A TRIBUNA

Semana Profana 1









Foto de Selmo Melo, A TRIBUNA

Pela quantidade de peixe, 700 quilos, o comerciante Raimundo Micael não crê nenhum pouco em Jesus Cristo e muito menos põe fé nos devotos da Semana Santa.

Se Jesus sofreu na cruz, Raimundo botaria os consumidores cristãos a sofrer à mesa com peixe podre, tudo em nome do lucro mais diabólico.

Esse "milagre dos peixes podres multiplicados" ocorreu em Rio Branco, no Mercado Novo, tudo transportado por meio do batelão Irmãos Bruno.

Não sabemos se Raimundo pagará esse pecado na igreja mais próxima ou diante de Deus, mas, com certeza, pagará uma multa na sede da Vigilância Sanitária.

Ao Francisco

Meu querido, que belas palavras você jogou neste blog e são mais ainda porque nelas pulsa a intensidade de um caráter. Após alguns anos nesta Terra, tenho a mais pesada serena certeza de que a vida é deixar boas lembranças nos outros.

Um beijo em tua alma e um abraço fraterno em teu destino.

terça-feira, março 18, 2008

Exemplo de Negro (2)

Para você que debruça teus olhos sobre este insignificante blog, esta bolha, oferto estes versos de Cruz e Sousa. Hoje, 19 de março, 110 anos de sua morte carnal, prove de suas palavras.

Sorriso interior

O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo este brasão augusto
Do grande amor, da grande fé tranqüila.

Os abismos carnais da triste argila
Ele os vence sem ânsia e sem custo...
Fica sereno, num sorriso justo,
Enquanto tu em derredor oscila.

Ondas interiores de grandeza
Dão-lhe esta glória em frente à Natureza,
Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

O ser que é ser transforma tudo em flores...
E para ironizar as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio!




Exemplo de Negro (1)















Não sei se Matilde Ribeiro leu Cruz e Sousa, mas, se o poeta negro tivesse um cartão corporativo, não teria envergonhado a raça. Disse-me esse negro aos meus olhos: "Que importa que morra o poeta? Importa que não morra o poema!"

Hoje, 19 de março de 1898, faleceu João da Cruz e Sousa. Ele nasceu em 24 de novembro de 1861 em Nossa Senhora do Desterro, capital da Província de Santa Catarina, atualmente, Florianópolis.

Texto abaixo do portal http://www.spectrumgothic.com.br/

O nome João da Cruz é uma alusão ao Santo homenageado no dia de seu nascimento, San Juan de la Cruz. Filho dos escravos alforriados Guilherme, pedreiro; e de Eva Carolina da Conceição, cozinheira e lavadeira, João da Cruz foi criado pelo Coronel Guilherme Xavier de Sousa (que viria tornar-se Marechal) e sua esposa Clarinda Fagundes de Sousa, que não tiveram filhos.

Assim, acabou por herdar o nome Sousa e obteve uma educação proporcional à educação dos brancos abastados de seu tempo. Com apenas 9 anos de idade, já escrevia e recitava seus poemas para os familiares. Com o falecimento de seu protetor em 1870, as condições de vida tornaram-se menos confortáveis para o jovem João da Cruz.

Em 1871, entrou no Ateneu Provincial Catarinense. A partir de 1877, lecionava aulas particulares por necessidade financeira e impressionava seus companheiros de estudo pela capacidade intelectual.

Conhecedor profundo de francês, chegou a ser citado numa carta do naturalista alemão Fritz Muller. Nesta carta dirigida ao próprio irmão em 1876, o naturalista citava João da Cruz como um exemplo contrário das teorias de inferioridade intelectual dos negros.

No ano de 1877, suas obras poéticas passaram a ser publicadas em jornais de Santa Catarina. Ao lado dos amigos Virgílio Várzea e Santos Lostada, João da Cruz fundou um jornal literário intitulado "O Colombo", em 1881. No ano seguinte fundo a "Folha Popular".

Nesta mesma época, partiu em excursão pelo Brasil com uma companhia teatral e declamava seus poemas nos intervalos das apresentações. Também se engajou na luta social e passou a liderar conferências abolicionistas.

Em 1883, foi nomeado promotor da cidade de Laguna. Mas não chegou a assumir o cargo devido ao furor preconceituoso de chefes políticos da região.

Em 1885 publica seu primeiro livro de co-autoria de Virgílio Várzea, intitulado Tropos e Fantasias. Até 1888 atuou em jornais, revistas e no centro da Imigração da Província de Santa Catarina. Neste mesmo ano, viajou para o Rio de Janeiro a convite de Oscar Rosas.

Em 1891 transferiu-se definitivamente para a então capital da República, Rio de Janeiro. A partir daí entrou em contato com novos movimentos literários vindos da França. Neste caso, João da Cruz e Sousa identificou-se especialmente com o chamado Simbolismo. O negro sulista que se enveredava pelos caminhos do Simbolismo, sofria duras críticas do meio intelectual de sua época; já que nesse momento, o Parnasianismo era a referência literária emergente.

Em novembro de 1893 casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também descendente de escravos africanos. Deste matrimônio nasceram quatro filhos, Raul, Guilherme, Reinaldo e João. Mas todos faleceram de tuberculose pulmonar. Sua esposa, ainda sofreu de distúrbios mentais que chegaram a refletir até mesmo nos escritos do poeta.

Ainda em 1893 publicou dois livros: Missal (influenciado pela prosa de Baudelaire) e Broquéis; obras que marcaram o lançamento do movimento simbolista brasileiro. Em 1897, concluiu um livro de prosa poética denominado Evocações. Quando preparava-se para publicá-lo, viu-se abatido pela tuberculose e partiu para Minas Gerais em busca de tratamento. Faleceu em 19 de março de 1898 aos 36 anos de idade.

Seu corpo foi levado para o Rio de Janeiro num vagão para transporte de gado. O amigo José do Patrocínio pagou as despesas com o funeral e o enterro no cemitério São Francisco Xavier. No ano de sua morte ainda foi publicado Evocações. Em 1900, Faróis; e em 1905, o volume de Últimos Sonetos.

O negro que contrariou o preconceito racial e se pôs a liderança do Simbolismo brasileiro, é autor de uma obra que traz versos como: "Anda em mim, soturnamente / Uma tristeza ociosa / Sem objetivo, latente / Vaga, indecisa, medrosa" (Tristeza Do Infinito - Últimos Sonetos). Além de: "De dentro da senzala escura e lamacenta / Aonde o infeliz / De lágrimas em fel, de ódio se alimenta / Tornando meretriz" (Da Senzala – O Livro Derradeiro).

Percebe-se num primeiro momento o sofrimento de uma alma que ecoou diretamente em sua obra. Mas posteriormente, a consciência social e humanista de um cidadão. Cruz e Sousa, o Dante Negro ou Cisne Negro, foi um poeta Simbolista que ainda não obteve o reconhecimento literário devido, mas agrega em sua obra a essência única de um autor que cativa e comove por sua autenticidade.

"Amigo-urso"

Tempo atrás, chamaram-me de "amigo-urso". Sei que tenho um defeito: sou claro, muito mais do que a água do Saerb; não compactuo com o cinismo a fim de tirar proveito de algo ou de alguém. No meu trabalho, não articulo por trás para derrubar alguém. Sempre exponho idéias à luz do dia e, à noite, sempre levo vela ou lanterna.

Você que me chamou de "amigo-urso" deveria escrever para este blog, publicando quando e como fui falso com algum colega de profissão. O "amigo-urso" não fica em cima do muro. Minhas posições sempre foram evidentes.

Se eu fosse falso, acredite, seria tão perfeito que você nem perceberia, porque meus olhos leram mais de uma vez O Príncipe, de Maquiavel. Se eu fosse falso, faria um trabalho irreparável como fazem os canalhas.

segunda-feira, março 17, 2008

Entre Saquarema e Maricá (Ponta Negra)

Piratininga, Niterói

Ótimo Filme








Um modelo de socialismo não concebe a sociedade sem vigiar a individualiade. Nem tudo, entretanto, é conspiração.

Lírico, romântico, uma obra de arte.

A Cultura do DEM

O carioca não vê a hora de ver César Maia, prefeito do Rio de Janeiro, fora da administração pública após oito anos. Várias associações de bairro boicotaram o IPTU-2008, depositando em juízo o valor.
Fora isso, o DEM (antigo PFL, antiga Arena) projeta na Barra da Tijuca uma cultura magalômona, coisa do francês Christian de Portzamparc, premiado em 1994 com o Pritzker, o Nobel da arquitetura.

Para quem passa pela Avenida das Américas e Ayrton Senna, poderá contemplar em breve R$ 460 milhões em forma de cimento.

Trata-se da Cidade da Música, futura sede da Orquestra Sinfônica Brasileira e da cultura brasileira. Nessa cidade, haverá shows, óperas, balés e concertos. Serão 1,8 mil lugares para orquestra sinfônica. São 87 mil metros quadrados de cultura.

Muito dinheiro-cultura.

sábado, março 15, 2008

Produção de Texto

Lecionar Produção de Texto em uma sala de aula com 40 alunos exige paciência, muita paciência. São quatro turmas, 160 alunos. O texto abaixo pertence a uma aluna do primeiro ano do ensino médio.

Introdução 1 - 1º ano
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás, ela é muito útil e nos mantem informado de tudo o que acontece no mundo, nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...

Os alunos de nossas escolas chegam ao terceiro do ensino médio sem noção de pontuação. No primeiro ano, deveria haver um trabalho intenso só para que os alunos limitassem suas frases-oracionais com pontos contínuos.

Nesse texto, a turma teve que participar para pontuar.


Reconstrução 1
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás. Ela é muito útil e nos mantem informado de tudo o que acontece no mundo. Nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...

Com os pontos contínuos, reorganizamos as três partes.

Na primeira (A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás), pedi aos alunos que especificassem "muito tempo" e que encontrassem um verbo apropriado para "faz parte", considerando que a televisão está sempre conosco. Um aluno sugeriu "convivência", e isso foi o primeiro passo para que chegássemos ao verbo "habituar-se".

Na segunda parte (Ela é muito útil e nos mantem informado de tudo o que acontece no mundo), pedi que transformasse "mantem informado" em um verbo, além de evitar a generalização "acontece no mundo". Muito participativos, eles reescreveram.

Na terceira (Nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...), a mais complicada, sugeri que encontrássemos um verbo conforme as palavras "novelas" e "desenhos".

No final, ficou assim:


Reconstrução 2
Desde a década de 50, no século 20, as pessoas habituaram-se à televisão. Ela nos informa sobre política. Nos ilude com suas novelas, com seus desenhos.

Na próxima aula, partiremos para a terceira reconstrução.

sexta-feira, março 14, 2008

Fui Fluminense

Neste dia, eu e Mony fomos Fluminense. O Mengão perdeu de 4. Foi o jogo onde se iniciou o "créu". No vídeo, momento de entrar no Mário Filho, o Maracanã.

Livros



Na Barra da Tijuca, em um shopping, livros e mais livros, um oásis fértil de palavras. Comprá-los em espaço charmoso. Cadeira. Mesa.

Aqui, comprei um livro muito bom sobre Desejo.

Jaconé












Depois de Maricá, no município de Saquarema, temos a praia linda e selvagem de Jaconé. Uma cadeira diante do mar.

Literatura 2

Defendo de forma intolerante a presença de narrativas e de poesias em sala de aula. O professor, comprometido com a Literatura, deve promover a leitura dramatizada diante de seus alunos como se fosse um sacerdote diante de seus fiéis à imaginação. A escola, um templo do saber.

Para quem deseja questionar o historicismo literário ou mantê-lo no ensino médio, ler e reler História da literatura: o discurso fundador, de Carmen Zink Bolognini (org.), é obrigação. Sem essa leitura, permanece impossível manter um debate sobre o historicismo literário no ensino médio.

Outra questão refere-se à televisão, isto é, às novelas. Como professores de Literatura, excluímos a novela nas escolas. Os alunos não estudam sua ideologia, sua estética a serviço da cultura de massa.

Precisamo, antes, definir nossa linha teórica sobre consolidados ensaios comuns à Literatura.

Literatura 1

Em uma Assembléia Legislativa ou no Senado, forças políticas se opõem em nome do erário. Podem usar ternos, podem até ser formais, mas não predomina no discurso de parlamentares o teor acrítico.

Literatura, caixa-alta

Há outras instâncias públicas, espaços mantidos pelo dinheiro da população menos favorecida, por exemplo, a escola. Mais: conselhos escolares. Ainda: conselhos de disciplinas. Os pais de meus alunos precisam de um ótimo serviço público, porque pagam para que seus filhos tenham ótimas aulas de Literatura.

No entanto, sabemos, certos profissionais transpiram péssima formação quando reduzem a Literatura ao historicismo. Não podem receber críticas? Se, em um Senado, homens públicos criticam idéias, por que servidores públicos de uma escola, seja ela qual for, não podem criticar e ser criticados sem que seus nomes sejam revelados?

Nomes neste blog não interessam, mas defesa de idéias sim. Ratifico, portanto, minha crítica quando professores submetem a Literatura ao historicismo, conseqüência de uma péssima formação teórica.

Que linha teórica vós defendeis? Qual lastro de leitura para se justificardes? Vós assistis ao filme Escritores da liberdade? Há professores que se assemelham à diretora da escola dessa película quando ela não possiblita leitura aos alunos, porque tais alunos são incapazes de compreender. Os livros originais permanecem trancados na biblioteca da escola enquanto os paradidáticos são oferecidos a eles. A professora, oposta à diretora, rompe com regras internas para que seus alunos leiam.

Por que professores não lêem uma obra universal em sala de aula? "Nossos alunos não têm condições de aprender", disse-me uma professora em uma reunião de área. Dizer nomes? Isso, aqui, menos importa. Não me interessa o nome do carteiro, mas a mensagem que insiste em ser verdadeira.

Negar o historicismo implica levar o texto à sala, e isso dá muito trabalho. Ler um romance em sala cansa alguns, porque "aluno de escola pública não tem condições de ler Clarice, Machado."